pensamentos correntes, pensamentos pendentes

quarta-feira, dezembro 31, 2008

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"Com uma licenciatura, dezasseis anos de escola, podemos aspirar a dobrar camisolas na Zara, a arrumar livros na Fnac ou, fardados, a fugir dos clientes que procuram informações no Ikea. Com sorte, um contrato de seis meses. Com sorte, um estágio não remunerado" in Opinião-Crónica "Visão" - José Luís Peixoto.

2009 não vai ser diferente, 2009 não vai ser nada de transcendente. Vai ser mais um ano feito das nossas opções e decisões, nada mais que isso; Somente isso.
Por isso não venho aqui enganar ninguém com falsas esperanças, pois sei de antemão, que 2009 será aquilo que fizermos dele, e se querem que vos diga, vocês não me inspiram confiança...

photo by me...

terça-feira, dezembro 23, 2008

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Este ano a crise poupou-me o sermão da hipocrisia consumista que sempre ronda o Natal. Este ano o Natal vai deixar de ser tão consumista (e que sempre faço questão de fazer nesta altura do ano). Claro que esta quebra de relação entre o Natal e o consumo não será por opção, mas obrigação induzida pelo estado em que se encontram as carteiras.
É bom ver que há sempre histórias que lêem por linhas tortas...

segunda-feira, dezembro 15, 2008

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Fui ver o Blindness, que na versão Portuguesa se chama “Ensaio sobre a cegueira” (mania das traduções mal feitas…).
Em boa verdade sou completamente suspeito para falar deste filme, primeiro porque sou fã do realizador, segundo porque sou fã do autor do livro onde foi baseado o argumento. Enfim, sou fã do realismo, desde sempre aliás.
Claro, já li o “Ensaio sobre a cegueira” há muito tempo, tal e qual como o resto da triologia, “Ensaio sobre a lucidez” e “Todos os Nomes”. E muitos dos outros livros do autor
O filme está bem feito, respeita muito o livro. É daquelas situações em que se formos ver o filme, quase que evitamos de ler o livro. No entanto, o livro é sempre o livro, muito mais rico, mais poderoso que o filme. Por isso, no final, o filme acaba por ser mais suave que o livro (sim, repito, o filme é mais suave que o livro).


O que mais me espantou neste filme, está-lhe completamente alheio: a opinião popular sobre o mesmo. Uma data de pessoas disse-me na cara, sem o menor pudor, que não tinha gostado do filme. Ao que eu retorquia: Porquê? Ao que me respondiam: Demasiado violento. E eu, na derradeira carga: Já leste o livro? Ao que me respondiam quase que em tom indignado: Não (Claro que não – algumas vezes).
Ou seja, isto revela, que estas pessoas foram ver o filme completamente enganadas (caramba, eu pelo menos tento ler a sinopse do filme antes de o ver, já para não falar de opiniões, etc.). Mas não foram enganadas por ninguém, que não somente por elas próprias. Só não conhecendo os filmes de Fernando Meirelles (p.e. Cidade de Deus ou O Fiel Jardineiro) ou os livros de Saramago que escorrem ironia cáustica (Jangada de Pedra, O Envagelho Segundo Jesus Cristo, A Caverna, etc), poderia esperar um filme que não fosse aquele mesmo. Por ventura estavam convencidos que Meirelles realizava filmes da Pixar e que Saramago seria o homólogo Português do Paulo Coelho, onde todo o universo conspira para o nosso bem.
Ou seja, foram ver o filme para se convencerem, mostrarem, que até vão ver filmes do Saramago, e saem de lá a vomitar porque não conseguem aguentar o vómito de que é feito a humanidade. Muitos têm de desintoxicar imediatamente tomando um antídoto eficaz e poderoso, como um Madagáscar 2 (nada contra o filme).


Ah, e o filme….?
Brutal, muito bom. Excelentemente realizado, em tons frios de azul, com laivos de calma para podermos sentir bem a dor da crueza humana. Acho que o Saramago não tem do que se queixar. Já agora, deixava um desafio ao Fernando Meirelles. Para quando o Envagelho Segundo Jesus Cristo em filme?