pensamentos correntes, pensamentos pendentes

sexta-feira, março 28, 2008

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PARTE TERCEIRA


Pois é, cá chegamos ao ponto neste blog a que muitos outros também já chegaram.

Este blog já leva uns bons anos e, claro, as coisas mudam, o autor muda, o mundo muda.

Ponderei seriamente qual seria o melhor caminho por onde levar dirigir este blog. O certo é que a linha editorial do blog mudou, tal como eu, e por isso achei que não valia a pena insistir neste modelo.

O primeiro pensamento, normalmente é, acabar com este e iniciar outro blog, mais de acordo com aquilo que se pretende. Então pensei: “Caraças, eu mudo, mudei ao longo dos anos, e a carcaça foi sempre a mesma, porque terei de mudar de blog?”. E assim decidi que este blog continuaria (pode ser que se alterem algumas coisas, mas nada demais).

Esta situação não é inédita, por isso estamos na Parte Terceira.

A Parte Primeira caracterizou-se por ser mais influenciada por pensamentos de índole filosófica, a Parte Segunda por uma tentativa de algo mais intimista, a Parte Terceira será sobre o mundo, ou melhor, o meu olhar sobre este.

Assim, é desta forma que este blog vai prosseguir. Muitas vezes sarcástico, algumas vezes mais naïve, este vai ser um espaço de reflexão sobre a sociedade, sobre o mundo e aquilo que me rodeia.

Assim sendo. Aquém cá venha, seja bem vindo…

domingo, março 09, 2008

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Mulheres... O dia da mulher... De como as mulheres o que querem, afinal, é serem homens...

Ontem cumpri com a minha condição de cidadão e, celebrei o dia da mulher. Como? Participando numa comemoração oficial, onde uma série de mulheres que, de alguma forma, se distinguem na sociedade portuguesa discursaram falando sobre a sua experiência social.

Entre as ilustres senhoras, estava uma que fez o discurso, quanto a mim, mais interessante. Era uma empresária num ramo de negócios tipicamente masculino. No entanto, gabava-se de ter singrado, apesar da sua condição feminina. O mais curioso foi a cronologia/lógica que ela descreveu para o seu percurso profissional. Parece que herdou o negócio do pai. Na altura a empresa era constituída maioritariamente por homens, de barba rija, que olhavam para ela de soslaio comentando entre dentes: “Que raio, temos de a aturar, afinal é a filha do patrão”. Mas ela não se inibiu, e seguiu a sua empreitada determinada.

Continuo o discurso para terminar com uma triunfal relevação. Hoje, na fábrica, trabalhavam maioritariamente mulheres. E mais, as limpezas, eram feitas só pelos homens, disse com ar de conquistadora, revelando no dia da mulher, a sua maior conquista feminista: Por os homens a fazer o trabalho que as mulheres deviam de estar a fazer. Revelando que limpar, era claro, trabalho de mulher…

Ali fiquei a perceber uma coisa. Afinal, o que estas mulheres querem não é igualdade. O que elas querem mesmo é ser homens, é agir como homens, para poderem mandar os homens para a cozinha, o verdadeiro lugar deles, para fazer o que as mulheres deviam estar a fazer. Já estou a vê-la a dizer aos homens lá na empresa: “Então? Como se sentem agora a fazer o trabalho das mulheres?”.

Depois daquilo fiquei pensativo. Eu que era pela igualdade e essas coisas, comecei a pensar que, se isto é uma luta entre mulheres e homens, caramba, eu não posso deixar de ser homem. Tenho de lutar para evitar que o nosso destino seja o de empregados de limpeza das empresas geridas por mulheres…

domingo, março 02, 2008

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Imagem tirada daqui








Uma das coisas de que eu gosto do mundo são as implicações imprevistas que se geram, que ao acontecerem, se tornam óbvias (do género, mas como é que eu não pensei nisto antes?) e que marcam sempre, de modo determinante, a história.

A última? A febre do Bio.

De repente, e por força das circunstâncias (leia-se subida do preço do petróleo, que como todos sabemos deve o seu elevado preço à pura especulação) começou a gerar-se um frenesim em volta das bio-energias, nomeadamente, dos bio-combustíveis. No entanto a utilização dos bio-combustíveis acarreta o mesmo problema que está a acontecer com o petróleo, é preciso matéria prima. Ora os cereais são a matéria prima para estes tão afamados bio-combustíveis. É engraçado (ou talvez não) verificar que o grande incentivo para o aumento da produção dos cereais não foi a fome no mundo, mas somente a produção de combustíveis (tomara, não é a malta que tem fome que tem dinheiro para dar lucro a quem produz…). Começam a verificar-se, no entanto, alguns paradoxos difíceis de ultrapassar. Por exemplo, esta semana o dono da Virgin anunciou que um dos seus aviões fez um voo esta semana usando 25% de bio-combustíveis. Claro, os especuladores do cereal deram saltos de alegria nas suas cadeiras. No entanto, se se começarem a fazer contas chega-se à conclusão que se a Virgin decidisse usar bio-combustível em todos os seus voos teria de se cobrir toda a Grã Bretanha de trigo para gerar o combustível necessário, e isto só para a Virgin. Ou seja, esta coisa dos bio-combustíveis a médio-longo prazo não vai ser viável, pelo menos da forma como se está a fazer. O problema é que com o aumento da procura, a lei dita, que o preço aumente. Consequência, mesmo os que se estão a marimbar para a cultura verde, vêem esta a ir-lhes ao bolso com uma pinta descarada, pois todos os produtos relacionados sobem, pão, carne (pois o que comem os animais), etc. E nós por mais Bio que sejamos gostamos de vez em quando de ferrar o dente num bom naco de carne ou de pão saloio.

Meus amigos, tapem os ouvidos, mas o que ainda vai “salvar” isto tudo é o nuclear, a energia mais barata que se pode produzir e, por incrível que pareça, a mais limpa (ainda um dia iremos ouvir chamar verde ao nuclear). É claro que os lobbys do petróleo, do cereal, das renováveis benzem-se só de ouvir falar, mas vai ser o futuro…

Vocês vão ver….