Se me perguntassem hoje qual a personagem com a qual eu me identificaria, respondia:
- Sabem aquele rei mago do anúncio da TMN que canta: “Sirigai, iupi, iupi , ai…”? Pois é com esse mesmo.
- Mas porquê? - Perguntariam em coro.
É simples. Quando os outros reis magos o interrompem de fazer algo tão simples mas que lhe dá tanto prazer para lhe dizer: “Mais calma…”, ele olha para eles com ar de incompreensão e, simplesmente, continua a fazê-lo: “Sirigai, iupi, iupi , ai…”
Raios partam os castradores…Que morram no seu próprio tedioso veneno.
Vinha a caminhar num desses dias de chuva. E quando dei por mim fiz algo que de imediato me fez lembrar a minha infância. Estava a passar por um charco de água. Qualquer pessoa de bom senso diria: “Mas, meu bom rapaz, porque não rodeaste o charco de água evitando ficares com os pés molhados?”.
Naquele momento comecei a pensar em qual seria o gozo, em quando era pequeno, em ir sempre pelos charcos de água. Quantos raspanetes não me deu a minha mãe por causa desta minha insistência em passar pelos charcos em dias de chuva.
De súbito apercebi-me, que passar pelos charcos de água, em dia de chuva, sujeito a ficar constipado com todas as consequências inerentes a esse facto, era um traço de personalidade. Reparei nisso quando, mesmo de modo inconsciente, continuava em adulto a atravessar os charcos de água. Acho que a mensagem que me estava a dar a mim próprio era: Se está um charco de água no meu caminho não é razão suficiente para deixar de fazer o meu caminho.
Depois comecei a pensar noutros charcos que eu passo durante a minha vida…
Quando digo:- Foi um prazer.
E me respondem:
- Não, o prazer foi todo meu.
Não posso deixar de pensar que me estão a ofender. Afinal, se um quiser ter todo o prazer não deixando nenhum para o outro, não deixa de não ser um pouco egoísta e, logo, ofensivo…
Isto há com cada convenção social….
