
Ultimamente tenho ouvido conversas, espacialmente, conversas de mulher. Não faço propositadamente. Acontece. Ali estou eu e elas, as conversas, começam-me a chegar aos ouvidos. Todas estas conversas davam bons temas para posts, no entanto houve uma dessas conversas que acho ser o melhor merecedora de comentário.
A conversa passava-se entre duas mulheres que se tinham divorciado há pouco tempo. Ali estavam elas, calmamente, a discutir as razões dos seus divórcio. Entre as muitas coisas que foram ditas, houve duas que me intrigaram especialmente:
Uma delas foi quando uma dessas senhoras revelou que, quando foi concretizar o divórcio, perguntaram ao casal se tinham discutido bem o assunto. Para surpresa dela, apercebeu-se nesse momento que não sabia muito bem porque se estava a divorciar, mas em chegando aquele ponto não ia dar parte fraca. Respondeu sim e o divórcio foi para a frente. Bonito. Este é o melhor exemplo da deriva em que a vida de tantas pessoas flui alegremente...
A outra história quase que me fez engasgar com a bolonhesa de soja que estava a comer.
A outra senhora era muito mais pragmática, e tinha discutido até à exaustão as razões do seu divórcio com o seu então marido. Aparentemente não havia uma causa passional, como traição ou coisa do género, simplesmente não dava. E depois ainda acrescentou que os homens são sempre vistos como filhos e as mulheres como mães, e por isso, coitadinhos, não conseguem aguentar muito a pressão. Ela compreendia isso muito bem, e por isso mesmo tolerava certas e determinadas coisas. Mas chegou a um ponto que ela própria não aguentava mais, e foi aí que se deu o divórcio.
Eu, caladinho no meu canto, pensava com os meus botões: Mas que ilusões giras arranjam as mulheres para desculparem os homens, ou melhor (ainda me passou pela cabeça); que desculpas giras arranjam as mulheres para terem de aguentar um homem.
Claro, imaginei um homem sentadinho no sofá sem fazer puto, a pedir cerveja gelada à mulher que estava na cozinha a fazer o jantar. Enquanto ela largava as panelas e se dirigia à sala com a cerveja na mão, pensava: “Lá está ele a fazer de conta que eu sou mãe dele, que engraçado ele é…”