pensamentos correntes, pensamentos pendentes

quinta-feira, setembro 28, 2006

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Bento versus Maomé versus Mozart



Pois é, cá vem o raio da actualidade de novo. Acho mesmo que me vou dedicar a isto por completo e pronto, evito sempre de andar com este problema de consciência (seja lá o que isso for).
Portanto, fica desde já declarado que não terei mais problemas de consciência em escrever sobre actualidade. Agora só espero que isto não se transforme num Abrupto...
O tema? Ora já se está a ver, esta desgraça que nos assola que são as ofensas muçulmanas relativas ao modo de ser Europeu... Vamos lá então...

Bom, começo desde já por dizer que não aprecio este papa nem pouco mais ou menos sou religioso (como já se deve ter reparado), por isso estou acima de qualquer suspeita quando escrever aquilo que se vai seguir...
Bom, o papa foi à sua terra natal e numa universidade onde já tinha sido feliz decidiu dar um seminário. Nesse seminário o papa (quanto a mim longe de ter sido algo acidental, o papa é inteligente demais para se deixar cair num acidente destes) entre outras coisas, cita uma conversa onde se discute a violência da religião fundada por Maomé, e vai daí e refere-se o facto de a malta muçulmana gostar da espadeirada (a sério que a palavra espada foi referida). O papa antes de mais é um europeu, e embora seja papa e lhe seja aconselhada prudência nas suas "homilias", acho que o senhor deve ter o direito à liberdade de expressão como qualquer outro cidadão. Ora os outros, os muçulmanos, não gostaram nada desta referência e vai daí revoltam-se contra tudo o que é católico. A título de exemplo, só na Cisjordânia sete igrejas católicas foram atacadas, para não falar das ruidosas manifestações de rua. Tudo isto culminou com a morte de uma freira italiana, a irmã (minha não era de certeza...) Rosa Sgorbati.
Bom, afinal o que andam estes senhores a gritar pelas ruas? Basicamente resume-se a isto: «O papa que desminta e peça desculpa por dizer que nós somos violentos ou nós damos-lhe cabo do canastro...». Bom, isto é tão ridiculamente paradoxal que nem merece comentário. Agora o que já merece comentário é isto. Nós cá na Europa (sim, porque por mais infeliz que seja é neste ponto que as coisas começam a estar) temos o hábito (que tão árdua foi a sua conquista) de dizer aquilo que pensamos sem que tenhamos de ter medo que a seguir nos dêem um tiro por isso, faz parte da nossa cultura sermos assim, o que se há-de de fazer? É algo que é intrínseco à nossa formação humanista – dizer e discutir-se acerca do que se pensa. Por outro lado existe outro tipo de cultura que não é bem assim e que choca com a nossa cultura europeia. Até aqui tudo bem, isto de culturas, cada um tem a sua e quem quiser conhecer e tentar compreender mais sobre o mundo, tem todo direito, quem não quiser.... Agora que se queira impor à nossa cultura preceitos de outras, isso é que já me faz ter comichão. Se alguém que ser respeitado, deve dar o exemplo. Isto tudo não passaria de uma discussão académica a não ser quando se passam coisas como o que aconteceu em Berlim. Para esta semana estava marcada a estreia em Berlim de uma das óperas de Mozart – Idomeneo. Acontece que nesta ópera a certa altura Idomeneo, rei de Creta, exibe as cabeças de Poseidon (deus grego dos mares), de Jesus, de Buda e de Maomé. Sublinhe-se que que aparecem QUATRO cabeças, cada uma representando a sua religião. O que aconteceu? A ópera foi cancelada por ameaças provenientes da facção muçulmana (leia-se a facção representada pela cabeça de Maomé, e ainda bem que não foram os budistas, senão tínhamos os Chineses todos à perna, e esses são mais que as mães).
Ora isto começa a ser completamente inaceitável. Não nos podemos anular face à ignorância estúpida de alguns. Os direitos dos europeus face ao mundo passam pelo seu modo de pensar e estar, e como penso já ter referido aqui aquando do episódio das caricaturas, e citando alguém – «Se eles se sentem ofendidos, eu sinto-me ofendido com a ofensa deles». Se hoje os muçulmanos, que dizem estar a defender a sua cultura, nos impedem de ouvir/ver Mozart, qual será o final deste caminho? Algo tem de ser feito, algo tem de ser feito de modo a mostrar inequivocamente que não estamos dispostos a abdicar dos nossos princípios. Agora resta saber o quê? Alguém tem alguma sugestão?

terça-feira, setembro 26, 2006

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«- Entrou um homem na sala e disse ao outro: “Sabes, a tua mãe morreu.” O que se fica a saber desta conversa?
- Bem,... fica-se a saber que a mãe do outro homem morreu...
- Nada disso, o que na realidade se fica a saber é que um homem entrou na sala e disse ao outro que a mãe dele tinha morrido. Na verdade nada ficamos a saber sobre a mãe do outro...»


The Pillowman - O Homem Almofada
Simplesmente imperdivel...

sexta-feira, setembro 22, 2006

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Gostaria de propor um pequeno fórum entre os poucos (mas muito bons) leitores deste blog. O tema é: Utilização de Animais em Experimentação Científica. Podem por começar por dizer a vossa posição (favor, contra, assim-assim) e tentar fundamentá-la.
Vamos lá ver o que isto dá…

quarta-feira, setembro 13, 2006

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Eu nem sou nada disto, mas isto surgiu no meu e-mail e não resisti.
Eis, então, uma bela lição de vida...

GERIR A RAIVA
Por vezes, quando se tem um mau dia e precisamos de o descarregar emalguém, não o faça em alguém seuconhecido. Descarregue em alguém que NÃOconheça.
Estava sentado à minha secretária, quando me lembrei deum telefonema que tinha de fazer. Encontrei o número emarquei-o. Respondeu um homem que disse: "Está?"
Educadamente respondi-lhe: "Estou! Sou o Luís Alves. Possofalar com a Sra.Ana Marques, por favor?"
Ficou com uma voz transtornada e gritou-me aos ouvidos: "Vêlá se arranjas a m**** do número certo, ó filhoda p***!" e desligou o telefone.
Nem queria acreditar que alguém pudesse ser tão maleducado por causa de uma coisa destas. Quando consegui ligar àAna, reparei que tinha acidentalmente transposto os doisúltimos dígitos.
Decidi voltar a ligar para o número "errado" e, quando o mesmotipo atendeu, gritei-lhe: "És um grande parvalhão!" edesliguei. Escrevi o número dele juntamente com a palavra"parvalhão" e guardei-o.
De vez em quando, sempre que tinha umas contas chatas para pagar ouum dia mesmo mau, telefonava-lhe e gritava-lhe: "És umparvalhão!" Isso animava-me.
Quando surgiu a identificação de chamadas, pensei que omeu terapêutico telefonema do "parvalhão" iria acabar.Por isso, liguei-lhe e disse:
"Boa tarde. Daqui fala da PT. Estamos a ligar-lhe para saber seconhece o nosso serviço de identificação dechamadas!" Ele disse "NÃO!" e bateu o telefone.
De seguida liguei-lhe, e disse: "É porque és umparvalhão!"
Uma vez, estava no parque do Centro Comercial e, quando me preparavapara estacionar num lugar livre, um tipo num BMW cortou-me o caminhoe estacionou no lugar que eu tinha estado à espera quevagasse. Buzinei-lhe e disse-lhe que estava ali primeiro àespera daquele lugar, mas ele ignorou-me.
Reparei que tinha um letreiro "Vende-se" no vidro de trás docarro, e tomei nota do número de telefone que láestava.
Uns dias mais tarde, depois de ligar ao primeiro parvalhão,pensei que era melhor telefonar também para o parvalhãodo BMW.
Perguntei-lhe: "É o senhor que tem um BMW preto àvenda?"
"Sim", disse ele.
"E onde é que o posso ver?", perguntei.
"Pode vir vê-lo a minha casa, aqui na Rua da Descobertas,Nº 36. É uma casa amarela e o carro estáestacionado mesmo à frente."
"E o senhor chama-se?..." perguntei.
"O meu nome é Alberto Palma", disse ele.
"E a que horas está disponível para mostrar o carro?"
"Estou em casa todos os dias depois das cinco."
"Ouça, Alberto, posso dizer-lhe uma coisa?"
"Diga!"
"És um grande parvalhão!", e desliguei o telefone.Agora, sempre que tinha um problema, tinha dois "parvalhões" aquem telefonar.
Tive, então, uma ideia. Telefonei ao parvalhão Nº1.
"Está?"
"És um parvalhão!" (mas não desliguei)
"Ainda estás aí?" ele perguntou.
"Sim", disse-lhe.
"Deixa de me telefonar!" gritou.
"Impede-me", disse eu.
"Quem és tu?" perguntou.
"Chamo-me Alberto Palma", respondi.
"Ah sim? E onde é que moras?"
"Moro na Rua da Descobertas, Nº 36, tenho o meu BM preto mesmoem frente, ó parvalhão. Porquê?
"Vou já aí, Alberto. É melhor começares arezar", disse ele.
"Estou mesmo cheio de medo de ti, ó parvalhão!" edesliguei.
A seguir, liguei ao parvalhão Nº 2.
"Está?"
"Olá, parvalhão!", disse eu.
Ele gritou-me: "Se descubro quem tu és..."
"Fazes o quê?" perguntei-lhe.
"Parto-te a tromba!" disse ele.
E eu disse-lhe: "Olha, parvalhão, vais ter essa oportunidade.Vou agora aí a tua casa, e já vais ver."
Desliguei e telefonei à Polícia, dizendo que morava naRua da Descobertas,Nº 36 e que ia agora para casa matar o meunamorado gay.
Depois liguei para as cadeias de TV e falei-lhes sobre a guerra degangs que se estava a desenrolar nesse momento na Rua da Descobertas.
Peguei no meu carro e fui para a Rua da Descobertas. Cheguei a tempode ver dois parvalhões a matarem-se à pancada em frentede seis viaturas da polícia e uma série derepórteres de TV.
Já me sinto muito melhor.
Gerir a raiva sempre funciona.

segunda-feira, setembro 11, 2006

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Hoje passou-se um 11 de Setembro, uma data marcada pelos acontecimentos de há 5 anos nos EUA. Para já, nada há para dizer. Ainda é cedo e muito pouco se sabe das verdadeiras razões de tudo aquilo...

terça-feira, setembro 05, 2006

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Vou escrever sobre a actualidade.
Não, penso logo de seguida, actualidade não entra no âmbito deste blog. Mas logo depois reclamo comigo próprio lembrando posts anteriores (leia-se, por exemplo, A antropologia do Blog), em que defendo que o blog é aquilo que nós queremos fazer dele, e este blog ainda é aquilo que eu quero que se faça dele e por isso se quiser falar sobre actualidade, falarei. Pronto, esta era a parte referente ao pensamento pendente, vamos então passar à actualidade: Tudo começou na sexta-feira passada... Fui passar uma semana de férias, confesso.
Estive uma semana fora deste país sem qualquer acesso a informação. Sem internet e sem televisão, portanto umas férias completas, a todos os níveis portanto. Na véspera do regresso lembro-me de comentar: “Eh pá, já há uma semana que não temos acesso a informação, espero bem que não cheguemos a Portugal e que não se tenha dado um golpe de estado ou coisa parecida...” – disse eu em tom jocoso... Bom, após uma noite em viagem chego ao aeroporto da Portela num voo muito agradável, tenho de dizer que fizemos uma aterragem como nunca tinha feito, o avião tocou no solo sem se sequer notar, até aí tudo bem, o pior foi depois a espera pelas malas, 45 minutos, aliás o serviço prestado naquele aeroporto uma vez mais não dignifica um país que pertence à União Europeia. Aliás isto faz-me lembrar uma história que aproveito o entretanto seguinte para contar:

Entretanto: Uma vez vim de Berlim para Lisboa com escala em Paris no aeroporto Charles de Gaulle pela Air France (que põe as malas rapidamente no tapete, o único problema é que muitas vezes esquece-se de algumas das malas que lá deveriam estar, falo por experiência própria). Esta viagem deu para me revelar a dimensão do atraso em que se encontra Portugal, à imagem do post anterior. Bom, como disse o voo foi composto por duas partes, distintas. Uma de Berlim para Paris e depois, de Paris para Lisboa. Passemos à descrição de ambos os voos: Berlim-Paris: Embarque sereno, voo silencioso maioritariamente composto por pessoas de meia-idade alta quase todos lendo ou conversando baixinho. Tudo muito sereno. Aterragem e saída do avião perfeitamente normal. Paris-Lisboa: Embarque todo feito com tugas, adultos e crianças, aos gritos e todos a empurrarem-se para ver se entravam primeiro (coisa que sempre achei da maior estupidez nos aviões pois os lugares estão marcados e o avião só parte depois de todos embarcarem, mas quem enfia isto na cabeça daqueles avecs’s?). Voo completamente insuportável, gritaria contínua entre crianças e adultos. Aterragem normal mas seguida de 30 minutos de espera devida a um problema com a manga que ligaria ao avião que permitiria a saída dos passageiros. Uma vez mais incompreensivelmente, mal o avião parou a tugalhada fez duas coisas, levantar-se, claro, e ligar os telemóveis. Ainda mais difícil de perceber foi que as pessoas se mantiveram assim durante os 30 min que tivemos de esperar para que se resolvesse o problema da manga, sempre a reclamar por terem de esperar assim e que era uma pouca-vergonha, enquanto bebericavam o resto da Sagres que tinham pedido à última hora à laia de desculpa patriota,... de pé.... Após saída do avião claro, pelo menos mais meia-hora à espera das malas, felizmente a minha mala chegou... Acho que o contraste das situações descritas fala por si. Fim do entretanto.


Bom, na última sexta-feira, enquanto esperava pelas malas revia mentalmente o post que tinha formulado durante as férias (sim que mesmo em férias não se consegue desligar destas coisas...). Quando fui para férias o que estava a bombar era a polémica confissão de Gunter Grass que tinha pertencido às SS nazi e por isso queriam que o homem entregasse o prémio Nobel e, de um momento para o outro o senhor tinha perdido toda a graça na escrita. É claro que tinha de vir em socorro do homem. Já tinha preparada uma comparação com Heidegger ,filósofo alemão, que desenvolveu a fenomenologia existencial e é considerado como o mais original filósofo do século XX. No entanto este senhor inscreveu-se no partido Nazi (NSDAP) em 1 de Maio de 1933 (ano da chegada ao poder de Adolf Hitler). No entanto formulou uma filosofia que é considerada e não é questionada pelo facto de ter pertencido ao partido nazi. Tinha também na manga, claro, Nietzsche, e referir a sua loucura / esquizofrenia e questionar o valor de uma verdade mesmo se for dita pela boca de um louco. Reformulei vezes sem conta o texto enquanto esperava pelas malas e já tinha tudo planeado. Saio do aeroporto e dou com isto do Sr. Contínuo que afinal era jogador de futebol... Claro, foi tudo por água abaixo...


Qual não é o meu espanto, não houve um golpe de estado como tinha gracejado no dia anterior, mas houve (mais) um golpe futebolístico. Sem perceber muito bem o que se passava, pelas manchetes, devido a um caso Mateus (até cheguei a pensar que alguém se tinha enfrascado com rosé) Portugal corria o risco de não poder participar em qualquer competição organizada pela FIFA... Depois de me informar, parece que alguém foi contratado como contínuo, mas afinal jogava futebol profissional com o intuito de fugir ao fisco. Entretanto outro clube contratou-o para continuar a jogar futebol profissional mas ignorando (!!!!) que ele era amador (leia-se contínuo) e claro, os clubes que perderam com esta equipa processaram (através da FPF) este clube por uso irregular desse jogador. O clube onde pertencia o contínuo, quer dizer, o jogador pseudo-profissional, não contente com um julgamento sem oportunidade de recurso recorre aos tribunais nacionais. A FIFA, uma organização privada com fins lucrativos, picada por terem posto a sua autoridade em causa ameaçou que caso o clube do contínuo-jogador-amador-profissional não retirasse a queixa dos tribunais que proibiria Portugal de entrar em qualquer competição organizada pela mesma.

Eu acho que isto não podia vir em melhor altura. Cá para mim isto é obra do governo. Com o descalabro que foi o mundial, em que a produtividade nacional já de si baixa deve ter roçado a nulidade por esses dias, o governo deve ter implorado à FIFA que excluísse Portugal de todas as competições futebolísticas nos próximos anos para ver se isto arranca de vez. Pessoalmente acho mesmo que a FIFA nos faria um grande favor se proibisse Portugal em participar nas competições da FIFA e eu, pessoalmente, sugeria que proibisse o futebol de “alta-competição” em Portugal assim,... durante pelo menos 6 anos... Eh pá, aposto que a economia nacional derrapava mas era só no arranque, e num ápice ultrapassávamos o crescimento económico Chinês em e tempos... No meio disto tudo andamos a assistir a uma anedota pegada que se chama futebol Português e o nome de Portugal no riso dos outros... Obrigado Gil Vicente... Revolution ou la muerte...

segunda-feira, setembro 04, 2006

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Parabéns RTP

Faz hoje 50 anos que a RTP começou a emitir, ou seja no ano de 1957, mais ou menos 30 anos depois das suas congéneres Francesa ou Inglesa, sendo ainda assim considerada uma ideia um pouco prematura. Trinta anos depois, trinta anos de atraso televisivo para com esses países que facilmente se transformam no dobro do tempo de real atraso...
Trinta anos, não consigo tirar este número da cabeça...