pensamentos correntes, pensamentos pendentes

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

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Pensamentos alheios...

Deixo hoje duas citações que se complementam por serem antagónicas. Uma do Milan Kundera e outra da Divas.

É engraçado ver como nós gostamos muitas vezes de ouvir o óbvio, mas é do óbvio que nos esquecemos muitas vezes.

Kundera diz-nos que por mais que compreendamos as coisas nunca nos vamos estar imunes à falácia dos nossos instintos.

Por outro lado, a Divas diz-nos onde poderemos encontrar o sal da vida, o que lhe presta sabor, afinal, o que faz a diferença...

«Desde que pode nomear todas as partes do seu corpo, o homem inquieta-se muito menos com ele. Hoje em dia, todos sabemos também que a alma não é senão a actividade da matéria cinzenta do cérebro. Dantes, a dualidade da alma e do corpo ocultava-se por detrás de termos científicos; hoje, não passa de uma crendice francamente ridícula.

Mas basta alguém estar loucamente apaixonado e ouvir os seus próprios intestinos gorgolejar para que a unidade da alma e do corpo, essa ilusão lírica da era científica, se dissipe imediatamente.”
Milan Kundera – A insustentável leveza do ser


«... sem a noção de pecado o homem teria menos prazer. Eis uma utilidade da Moral.» DivaseContrabaixos


Barão D'Holbster - 2004

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

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Do encontro de bloggers...

Tinha chegado o dia D, o anunciado dia 18 de Janeiro, o dia do Encontro de Bloggers do Centro em Aveiro. Cheguei já um pouco atrasado, já passava das 22h00. Cheguei ao Navio de Espelhos, um espaço privilegiado para este tipo de acontecimentos, é uma livraria, é um local de encontro, enfim, a sala de estar perfeita (só faltava mesmo a lareira...). Um pouco para meu espanto, a livraria já se encontrava cheia de pessoas, umas vasculhavam nos livros, outras já se encontravam em pequenos grupos. Pensei: “Já está a acontecer, os bloggers estão reunidos”

Dirigi-me à Divas que já se encontrava devidamente munida:

Após os cumprimentos o encontro de bloggers começou realmente para mim. Na altura lembro-me de pensar. Isto é mesmo engraçado, criamos um blog para ser um escape (esta foi uma das conclusões da noite...) e agora estamos aqui a dar a cara por esse mesmo blog. Começaram as apresentações: Olá eu sou X do blog Y. O quê? Tu é que és o X? Eh pá leio sempre o teu blog...”

Conversas deste tipo foram frequentes. Logo depois as conversas fugiam dos blogs. Havia coisa mais urgentes para conversar, tanto para explorar, aproveitas aquela blogg-diversidade toda concentrada naquele espaço.

Depois a medo para depois ir em crescendo de confiança, lá começaram as leituras de textos.

Desde poesia a textos mais sarcásticos, passando por erecções, todos estes temas foram abordados na leitura de textos de vários blogs.

Seguiu-se o momento, que a princípio foi a razão de ser deste encontro, a atribuição dos contrabaixos aos bloggers vencedores presentes...

Depois, foi com naturalidade que as pessoas se juntaram e conversavam, sobre de tudo um pouco. Para o ambiente descontraído muito contribuiu o ambiente e não só:

No final, e apesar de o não admitir, ficam os parabéns à Divas que foi a responsável por este acontecimento excepcionalmente organizado em local tão privilegiado...

É claro que ficou na mente de todos que este encontro ter-se-á que repetir, pois não é todos os dias que temos o privilégio de conviver com pessoas que têm tanto em comum connosco...

Obrigado Divas

quinta-feira, fevereiro 17, 2005

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A vitória do Eu sobre o Outro



Dali, Salvador - Metamorphosis of Narcissus, 1937

O Homem tende para o transcendente, mas nada nos diz que esta tendência é a mais acertada. Dizer que o Homem tende para o transcendente é o mesmo que dizer que o Homem tende para fora de si. A partir do momento em que o Homem adquiriu a consciência, essa eterna tirana, verificou que era demasiado pequeno num Universo infinito, pelo menos na perspectiva humana. É claro que a crença da existência real dessa transcendência parece tão natural como a própria tendência para acreditar que ela existe. Aliás, se formos a ver bem a diferença é ténue.

Já há muito tempo que o segredo da felicidade foi desvendado. No entanto, será que ainda ninguém percebeu que o Homem não foi talhado para a felicidade.

Jesus, filósofo do início do tempo moderno, disse-nos que se nos amássemos uns aos outros como nos amamos a nós mesmos a felicidade estaria garantida. Mas para amar é preciso conhecer. O amor, tal como verifiquei na série Na Cauda da Realidade, não é altruísta, para se amar precisa-se de saber o que se ama, quem se ama.

Neste ponto, Sócrates foi mais previdente ao enunciar uma das suas máximas – conhece-te a ti mesmo antes de todas as coisas – (se não foi assim é algo muito parecido, perdoem-me os perfeccionistas). O truque da felicidade é esse mesmo, reside no Eu não no Outro.

Só uma posição centrada no Eu poderá conduzir ao amor pelo o Outro. Muitas vezes a preocupação em conhecer o Outro sobrepõe-se ao conhecer do Eu, chegando a anular o Eu. Só se poderá amar algo fora do Eu quando se ama o Eu. Se não se amar o Eu à partida o processo está condenado à partida, anula-se automaticamente. Por isso é que partir da premissa – amai-vos uns aos outro como eu vos amei – (pressupondo que Jesus amo de forma intensa e verdadeira a humanidade) não é o ponto de partida acertado. Não é no esvaziamento do Eu que se poderá encontrar o Outro, pelo contrário, é no Eu que está o começo do caminho para o Outro, senão o Eu é, ele próprio, o Outro, o não Eu. A não nos permitir-mos conhecer o Eu estamos a negar-nos a nós mesmos, e aniquilarmos o Eu e promovermos o inverso da nossa existência.

Mas para amar o Eu é necessário que conheçamos o Eu profundamente. É preciso deixar que o Eu se revele plenamente, sem medo, é preciso provocá-lo, espremê-lo para que se revele.

Por isto não se pode ter medo do Eu, não se pode ter medo de desbravar o Eu, não se pode ter medo de achar que a moral não é a nossa moral, não se deve ter medo de construir uma moral nossa. A moral socialmente aceite não define o Eu individual. A moral vigente é um compromisso social de boa convivência, tem de se ter consciência deste facto. A moral vigente não é a moral mais acertada. Por isso vos digo, a nossa existência, falando da verdadeira existência, será sempre uma tentativa de moldar o mundo ao Eu, e esse será o Meu mundo, e só nesse mundo poderei alcançar algo parecido com a felicidade.

Ao fim ao cabo, este é um alerta para que não se aniquilem a si mesmos, para que não se tenha medo de se ser. De ser Eu...

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

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Das palavras...


dholbster
- 2005

É engraçado perceber o valor que a palavra assume para o próprio pensamento. Nós pensamos com palavras, são as palavras que definem os conceitos e são os conceitos que regulam a nossa vida.

No livro 1984 de George Orwell o estado totalitário descrito utiliza uma a técnica de redução do léxico para diminuir a liberdade das pessoas. Por exemplo, ao extinguir a palavra liberdade, as pessoas mesmo que sintam a necessidade de liberdade, não conseguem defini-la logo, é quase como se não existisse.

Esta noção de paralelismo entre a palavra e a ideia acrescenta um valor quase incalculável à palavra, à importância da palavra. O pensamento abstracto, ou seja, sem palavra, é quase impossível, para não dizer impossível de todo. Quando surge um conceito novo é necessário a criação da palavra que defina esse conceito e depois a explicação, a caracterização dessa palavra.

Entretanto dei-me conta o gosto que eu tenho pelas palavras, são as nossas palavras que nos definem, que descrevem as nossas ideias que vêem lá de dentro, de dentro de nós, do nosso âmago. As palavras são a ponte do exterior e o nosso mundo, entre o Outro e o Eu. Será que conseguem ver a enormidade de tudo isto, o poder que é manipular a palavra, o verbo? É tremendo...

terça-feira, fevereiro 15, 2005

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Encontro de Bloggers, ora aí está, venham não se acanhem, última oportunidade...

Já posso, finalmente, publicar neste blog.
Durante os últimos tempos tive problemas com o blog de modo que não podia publicar, mas estou de volta. E a falta que publicar me faz, só agora me dei conta...
Este post serve fundamentalmente para lembrar desse grande acontecimento que vai ser o encontro de bloggers do centro que se vai realizar em Aveiro já no próximo dia 18 de Fevereiro.
Para mais informações aqui...

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

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NA CAUDA DA REALIDADE...

SEM MEDO...

Prólogo

O medo domina-nos, tal como a fome. Temos sempre mais fome que vontade de ver...



«Esta ideia de dever, isto de solidariedade humana, só podia considerar-se natural se trouxesse consigo uma compensação egoísta...»

Fernando Pessoa

O Banqueiro Anarquista

Ed. Assírio & Alvim, pp. 34

Escolhi este trecho para finalizar a já longa série Na Cauda da Realidade, Sem Medo...

Desta feita tenho PULP a discorrer da aparelhagem, agora que já está tudo definido o ambiente musical quer-se que seja neutro, nada de emoções forte na hora da síntese. Esta deve ser feita calma e ponderadamente. Vamos lá então...

A série Na Cauda da Realidade evidencia somente o ser que eu sou, expus-me não tenho dúvidas, mostrei o que sou, aliás, despi-me completamente, sem medo. Esta série tem por trás um modo de ver as coisas que me é muito próprio que, normalmente, sintetizo com o nome de Relatividade Sistemática.

A noção de que tudo é sempre relativo em contraposição à existência do absoluto trás consequências drásticas, como demonstrei nos posts anteriores. A mais evidente é a queda da noção de deus pela sua base, deus como representado o absoluto. Depois outros temas tão caros como são a Moral ou o Amor. É a partir destes últimos conceitos que as sociedades são erigidas e por isso não é de admirar que qualquer tremelique nestes conceitos mexam tanto com as pessoas e levem a reacções muitas vezes ilógicas baseadas no medo do vazio tão evidente no Homem. Acho que demonstrei de forma mais ou menos convincentes (tantas arestas ficaram por limar, tantos pontos por explorar...) que a moral que conduz as pessoas, a noção de bem e de mal, são completamente relativas, o que quer dizer que poderão mudar conforme os pontos de vista. Atrever-me-ia a dizer que a Moral é uma consequência meramente religiosa-cultural. No entanto, se todos os membros de uma sociedade souberem que todos respeitam certos pressupostos morais todos sabem mais ou menos com o que contar, é um factor de segurança para todos. A verdade é que nem todos aqueles que compõem a sociedade estarão preparados para a abolição da ordem moral tal como ela é hpje apresentada, por isso esta noção fica restrita aqueles que conseguem distanciar-se do medo da perda dessa normalização moralista social para perceberem a sua quase completa inutilidade para o individuo.

O Amor é outra dessas falácias. O Amor é um sentimento muitas vezes visto como sendo quase transcendente, que tira forças ao céu para as entregar ao Homem. Mas se analisarmos bem ao que se resume o Amor será fácil de constatar que se abrevia a um acto meramente egoísta. Esta preposição será fácil de verificar com o exemplo que dei no capítulo Capítulo Terceiro-Tomo II dedicado à termodinâmica do Amor. Se o Amor fosse algo parecido com pureza o principio a=>b Ù b=>c <=> a=>c deveria ser sempre verdadeiro, ou seja, deveríamos amar a pessoa que faz a pessoa que amamos feliz. Obviamente isso quase nunca se verifica, porque o Amor absolutamente altruísta não se verifica, quando se ama alguém espera-se sempre algo em troca. Como é claro o retorno não será dado em coisas materiais, mas normalmente em fortalecimento da auto-estima, nem que seja pelo facto de sabermos que existe alguém que gosta de nós, apesar de todos os nossos defeitos.

Como já devem ter reparado todos estas ideias enquadram-se num movimento já existente e com o qual me identifico de sobremaneira: O Existencialismo.

É claro que se isto que digo tiver o mínimo de fundamento exclamarão todos as palavras já enunciadas por Jean Paul Satre: «Se Deus morreu, então tudo é permitido.» É aqui que reside o medo dos Homens ao sequer pensar na veracidade das ideias anteriormente expostas. No entanto houve alguém que em 1772 dava já a direcção para a resolução desta questão, Barão D’Holbach, o padroeiro deste blog. Na altura dizia ele: «Pergunta-se que motivos poderá ter um ateu» (nos dias de hoje D’Holbach converteria ateu em existencialista concerteza) «para fazer o bem. A vontade de dar satisfação a si e aos outros; de viver feliz e em paz; de conquistar o afecto e estima dos homens, cuja existência é muito mais certa e cujas disposições se podem conhecer muito melhor do que as de um ser incognoscível por natureza» (D’Holbach, Good Sense [1772]). Uns anos mais tarde Heger conseguiu clarificar esta vontade, chamou-lhe qualquer coisa como Reconhecimento. O que guia a vontade humana será o reconhecimento pelos seus pares.

Finaliza aqui a série Na Cauda da Realidade, Sem Medo que, confesso, me deu tanto gozo pô-la cá para fora. Tenho mesmo de confessar, que foi a vontade de partilhar estas ideias, precisamente estas ideias, que está na génese deste blog. Este objectivo está concretizado, mas descobri entretanto que o blog serve para nos conhecer melhor, por isso vou continuar. Quando descobrir novas máximas,... logo vos direi...

segunda-feira, fevereiro 07, 2005

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O Aviador - A não perder

Era Sábado à noite, queria sair, decidi ir ao cinema. Fui ver o que estava em cartaz, e entre o Electra, Sogros do Pior e O Aviador, por exclusão de partes escolhi O Aviador. Confesso que o Leonardo DiCaprio não me atraí por aí além, mas as possibilidade não me deixavam alternativa.
Lá fui ver o filme...
Para começar o filme está extraordinariamente bem realizado e com uma fotografia a condizer. Afinal o DiCaprio faz um papelão, só é pena aquela cara de puto. Mas para dizer a verdade a minha “performance” preferida foi a de Cate Blanchett que encarna a personagem de Katharine Hepburn. Indescritível, e depois aquele sotaque até me dá arrepios...

É por tudo isto que não me surpreenderá em nada se este filme arrecadar a mior parte dos Óscares. Por mim, acho que pelo menos os Óscares para melhor realização, melhor actor principal e melhor actriz secundária estão assegurados

Vão ver, não se arrependerão...



quinta-feira, fevereiro 03, 2005

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Afinal sempre existe um movimento cívico pró- voto em branco. A sus sede virtual é em :
http://www.umrumoparaportugal.com/
e em baixo um cartaz exemplificativo...