
Liberdade versus Determinismo versus Princípio de Heisenberg
Um dia destes surgiu-me uma ideia, vamos ver se consigo transmiti-la, pois acho-a verdadeira e por isso mesmo, bela. É claro que não quero com isto dizer que toda a verdade seja bela, mas por outro lado parece-me que toda a beleza está de alguma forma ligada à verdade.
Uma das grandes questões que muitas vezes aflige a mente humana é até que ponto o ser humano poderá ser livre. Em oposição a uma liberdade completa existe sempre a ideia de um pré-determinismo que pode surgir de várias formas, quanto a mim todas criadas pelo Homem, por exemplo as entidades divinas que regulam a vida terrena do Homem quer sejam elas religiosas ou astrológicas ou, por outro lado, um determinismo científico em que se pressupões que pelo conhecimento das leis físicas se poderá determinar todos os passos, como se de um jogo de bilhar se tratasse.
É claro que todas as formas de determinismo roubam, de uma certa forma, a ideia de liberdade que o Homem possui. Por exemplo, se eu souber que o meu destino está neste momento completamente traçado sinto que estou completamente privado da minha liberdade, de uma possível capacidade de poder ser eu a escolher o caminho por onde poderei ir. É claro, que esta ideia leva rapidamente ao conformismo com todas as consequências inerentes.
Desta forma a questão que surge é: Sou ou não livre? Existe ou não determinismo? A existir esse determinismo, será que é um determinismo total? Ou haverá alguma forma de se lhe escapar? Se existir alguma maneira de escapar a esse determinismo, até que ponto será esse determinismo determinante? (desculpem a redundância...)
Vamos tentar responder a estas questões utilizando o caminho mais fácil, para que possamos escapar a alguma possível falácia... Vamos abordar a questão do determinismo físico, ou seja, o conhecimento de todas as leis físicas que regem o Universo (não vou entrar nas leis que regem, por exemplo, o comportamento humano, mas acho que as mesmas conclusões que irei tirar se poderiam aplicar da mesma forma...).
Há uns tempos publiquei neste mesmo blog a crença mais forte que tenho, o da limitação humana, ou seja, que o Homem jamais poderá conhecer tudo pois é limitado demais para isso. É claro que se pode argumentar: “Mas o Homem não pára de conhecer e descobrir coisas todos os dias.” Ou ainda: “Já pensaste nas coisas que se descobriram só nos últimos 100 anos?” Pois bem, receio que o que se descobriu pela Humanidade até agora não seja mais que uma ninharia comparado com aquilo que ainda estará por descobrir e conhecer. A minha crença passa pela impossibilidade de o Homem, ou pelo menos um homem, poderá alguma vez conhecer todas as regras que regem o Universo, isto caso o Universo seja regido por regras, pois este conceito é muito Humano.
Por exemplo, Newton descobriu as leis com que se pode determinar as trajectórias dos planetas. Muito bem, mas os planetas não sabem nada dessas leis. O que Newton fez, foi criar, foi descobrir modelos matemático-físicos que se adaptam àquilo que acontece na Natureza.
No meio desta discussão determinismo vs liberdade surgiu no sec. XX uma noção que não pode deixar de ser tomada em conta; o Princípio da Incerteza de Heisenberg, que é algo tremendamente simples, o Homem não pode saber com exactidão a velocidade e a posição de uma partícula subatómica. Uma, só uma partícula subatómica, como é por exemplo um electrão, está meu ver, na proporção da massa total do Universo como o conhecimento total obtido pela Humanidade até agora comparado com o conhecimento total. Ou seja, poderá até haver um determinismo moldado por leis físicas, no entanto, devido à nossa limitação intrínseca, ser-nos-á de todo impossível aceder alguma vez a esse conhecimento, impedindo o Homem de se declarar conhecedor de um possível determinismo moldado por essas leis. Ou seja, uma vez que o Homem não pode aceder ao determinismo, no caso de existir, da perspectiva do Homem esse determinismo nunca poderá existir, pelo menos de um modo objectivo. No meio da nossa limitação (ignorância) somos livres, para sempre libertos de um determinismo, pelo menos de visão ampla e concreta. Então, por redução ao absurdo (é um dos meus métodos de dedução preferidos), o deteminismo não existe para o Homem, permitindo que este seja livre e que possa ser responsabilizado pelas suas decisões.