terça-feira, julho 26, 2005
|quinta-feira, julho 21, 2005
|O existencialismo é um humanismo
Este é o título de um dos livros de J. P. Satre que ainda não li. A tradução portuguesa feita por Vergílio Ferreira é cara, como a maior parte dos livros aliás. No entanto só de olhar para o título já fico satisfeito e clarificado. É claro que a melhor maneira de nos tornarmos verdadeiramente humanos é assumir a nossa essencia e não projectá-la para fora de nós em adorações a ideias de entes perfeitos que nunca poderiam sequer existir, além de servirem para nos escudarmos atrás destas como desculpas para aquilo que não somos. Acreditar no homem tal como ele é, com os seus defeitos e virtudes, elevar o humanismo ao seu expoente máximo. Aceitar o homem sem restrições será o ponto de partida para construir um homem novo e melhor, ao fim de contas, mais humano. Pois a ideia de humano não é estática, aliás como nada poderá ser estático, tudo se resume a uma relatividade continua. A ideia de humano constroi-se com o tempo, com a evolução do pensamento, afinal, com o encontrar-se do homem pelo homem.
E que frase resume melhor tudo isto que não: “O existencialismo é um humanismo.”
terça-feira, julho 12, 2005
|« As pessoas são livres, mas apenas cada uma por si própria: não podemos tocar na liberdade dos outros, nem prevê-la, nem exigi-la. É exactamente isso que me é tão penoso; o que faz o valor de um homem não existe senão para si próprio, não para mim: eu não chego senão à aparência dele; e não sou para ele também senão uma aparência, um dado absurdo; um dado que nem mesmo escolhi ser...» in O Sangue dos Outros – Simone de Beauvoir
Às vezes estamos a ler e aparece-nos coisas como estas. É por isto que ler é, e será sempre, um prazer. É podermos estar completamente sozinhos mas sentirmo-nos acompanhados por pensamentos partilhados. Não é a partilha da visão do que nos rodeia que une as pessoas?
quinta-feira, julho 07, 2005
|Meto Koop na aparelhagem e começo a escrever. Recomendo vivamente. Grupo sueco que faz maravilhas no mundo da música electrónica que se funde com o jazz.
Estava no meio de mais uma discussão daquelas. Daquelas em que se mistura religião e racionalismo, sentimento e filosofia. Era só mais uma. Os argumentos lançados para a mesa eram somente repetições que tantas vezes já tinha ouvido. Mesmo assim escutava atentamente não fosse o caso de surgir algo de novo.
«Mas se deus não existe como explicas a nossa existência?»
Enfim, tínhamos chegado ao cerne da questão. Existência e razão, um dos maiores quebra cabeças de sempre desde que o homem ganhou consciência de si mesmo e da sua capacidade para raciocinar.
O que atormenta a mente humana é uma possível ausência de razão para a sua existência. Isto é bem fácil de perceber porquê. Ninguém gosta de pensar, ou saber, que a sua existência é inútil, ou que se é indiferente para aqueles que nos rodeiam. Aqui o nosso amigo Hegel tinha toda a razão quando afirmava que a nossa existência é guiada pela a afirmação perante o outro. Por mais que custe aceitar isto, se virmos bem, é mesmo assim. Por isso, temos já uma razão que pode dar validade à nossa existência.
Mas podemos ir ao mais básico. Nós somos organismos e, fundamentalmente, estamos cá para dar continuidade à espécie. Também se repararmos estamos muito bem preparados para isso. Os instintos sexuais são os mais primitivos e aqueles que mais influência têm sobre o nosso comportamento e maneira de ser.
Mas estes argumentos não satisfazem minimamente a maioria das pessoas. A existência tem de ser acompanhada por algo maior, por algo transcendente, por algo que confira algo de especial a este tipo de organismo que tem a capacidade de pensar. Essa razão é, normalmente, chamada de deus.
É claro que quando se diz que não é deus o responsável pela nossa existência logo outras perguntas são disparadas. «Então quem criou o mundo? De onde vem a força da fé?»A crença é algo de bestial. Dá uma força enorme, mas é preciso acreditar que essa força vem de nós. Estou cada vez mais convencido que nós temos de ter uma desculpa para poder usufruir de todo o nosso potencial. É claro que existirá sempre algo que não conseguimos compreender. A partir daí temos duas possibilidades. Tentar perceber sabendo no entanto que somos limitados que nunca vamos conseguir abarcar todo o conhecimento, ou seja, que somos limitados demais para poder abarcar tudo e, por conseguinte, haverá sempre algo que não conseguimos perceber. Ou então, podemos preferir acreditar que existe uma razão para tudo a que só uma entidade transcendental tem acesso mas cujo conhecimento nos está vedado. De uma maneira ou outra, admitimos sempre que não possuímos a capacidade para perceber tudo, para explicar tudo. O resto, é só uma questão de escolha, mais ou menos racional...