pensamentos correntes, pensamentos pendentes

sexta-feira, novembro 26, 2004

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«O ardor de Vénus atormenta-nos
O desejo satisfeito entristece-nos
O que nos preenche é a passagem de um para o outro»
GD


quinta-feira, novembro 25, 2004

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A NÃO PERDER
A Vida é Um Milagre


Kusturica ao melhor nível

terça-feira, novembro 23, 2004

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NA CAUDA DA REALIDADE...

SEM MEDO...

Capítulo Primeiro

Da relatividade da moral

ou ainda...

A moral como objecto ornamenta

Da continuação da análise da situação que expus anteriormente, poderemos tirar algumas conclusões, quanto a mim, bastante interessantes mas que no entanto, poderá mudar a forma como vemos o mundo de forma radical.

Hoje não tenho as fugas de Bach a passarem na aparelhagem, julguei que hoje seria mais aconselhável colocar a rolar Miles Davis, que constrói com o trompete ambientes bastante acolhedores e descontraídos. É desta forma que está a ser redigido este texto.

Então, a questão que tinha ficado do post anterior foi se existia fundamento moral para o facto de eu, inadvertidamente, ter impedido um assalto a uma pobre velhinha.

De um ponto de vista exterior à situação e analisando a situação, existiu uma acção que poderá ser classificada como boa (bem). A partir de uma acção minha foi evitado um assalto a uma velhinha. Tendo em conta que roubar é considerado mal, eu a evitar o roubo terei feito uma acção boa. No entanto a questão que se coloca é: Será que EU fiz bem? Ou seja, para eu saber se fiz ou não bem teria de ter conhecimento da acção. Para eu saber que fiz bem teria que ter dado conta que o pontapé que dei na pedra impediu o assalto, mesmo que completamente inadvertidamente, ou que alguém me tivesse informado de tal sequencia de factos.

Deste modo, poderemos concluir que eu só poderei fazer juízos de valor quando tomo conhecimento da acção. Acho que não é complicado perceber isto.

Desta conclusão começam a emergir várias outras questões que passo a enunciar não de forma exaustiva:

  1. Quando faço uma acção deverei ter presente um juízo moral da mesma? (ou seja, quando faço algo saberei de antemão se é boa ou não)
  2. Será que quando faço uma acção que julgo benéfica (bem) mas no entanto desencadeia uma sucessão de consequências que resultam em prejuízo do outro será que fia mal?
  3. Será que a classificação moral de uma acção preconizada por mim só poderá ser feita após o conhecimento da intenção com que foi feita?
  4. O que nos leva a fazer o bem ao invés do mal?

De uma forma condensada, acho que as respostas às pergunta acima formuladas serão:

1) Penso que quando produzo uma acção de forma consciente terei presente um juízo de valor associado.

2) Acho que não se pode dizer que quando eu faço uma acção almejando o bem mas que resulta em mal que eu fiz mal

3) Também acho que uma acção só pode ser classificada moralmente se houver intenção, ou seja, reconhecimento pelo autor da acção.

Considero que o que tudo o que foi dito até aqui é lógico e quase intuitivo. Mas agora vale a pena olhar para as consequências destas conclusões. Deixei a última questão por responder propositadamente pois é ela que vai revelar a verdadeira natureza da moral. Mas para isso vou ter de puxar a esta conversa uma ideia (para mim a Ideia) de Hegel. Hegel achava que o que moldava a acção humana era o reconhecimento pelo o Outro. Isto é bastante lógico já que um ser humano só existe em relação com o outro, ou seja, em sociedade (isto dito de forma bastante simplista). Assim sendo a prática do bem é um dos meios de se conseguir esse reconhecimento. Ou seja a prática do bem é sempre acompanhada de uma certa recompensa, quer seja consciente quer inconsciente, mas cuja a existência não se pode negar. Aliás essa recompensa poderá explicar a impulsão que todos (uns mais que outros) têm para fazer o bem.

Até concluímos que o facto de haver acções morais depende da relação com o outro numa existência em sociedade. Acontece que é essa mesma sociedade que impões os padrões morais, ou seja, que diz o que é o Bem e o Mal. Isto é muito fácil de perceber se comparar-mos sociedades que são regidas pelos catolicismo versus islamismo. Ou seja a conduta, ou a fonte moral, muda consoante o tipo de sociedade em que se viva.

Esta última consideração torna-se tremendamente importante na medida em que destrona a universalidade da moral. Poderemos dizer a título de exemplo: “O respeito pela vida humana é inquestionável...”, mas todos nós conhecemos sociedades (católicas e não católicas) onde existe pena de morte. Este é só um exemplo entre muito.

Assim podemos dizer que nenhuma acção que façamos poderá ter uma classificação moral universal.

É claro que a introdução de uma fonte divina da moral facilita muito as coisas. Se considerarmos que a moral vem de deus e que, por conseguinte, é perfeita e inquestionável, temos o assunto resolvido. No entanto esta noção cai pela base, já que a própria noção de deus é universal. Existem várias noções de deus, mas nenhuma é possível ser provada através de fundamentos racionais.

Assim, pode-se concluir que a moral não é universal e é relativa à sociedade onde nos encontramos inseridos. A moral é então, relativa sempre a um contexto, um artefacto para a vivência em sociedade. As tábuas sagradas que deus entregou a Moisés não são mais uma maneira, das muitas possíveis, para se viver em sociedade.

É claro que daqui para uma análise dos sistemas políticos é um saltinho, mas por aí já não vou. Gosto muito da moral mas muito pouco de política...


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NA CAUDA DA REALIDADE...

SEM MEDO...

Capítulo Primeiro

Da relatividade da moral

ou ainda...

A moral como objecto ornamenta

Da continuação da análise da situação que expus anteriormente, poderemos tirar algumas conclusões, quanto a mim, bastante interessantes mas que no entanto, poderá mudar a forma como vemos o mundo de forma radical.

Hoje não tenho as fugas de Bach a passarem na aparelhagem, julguei que hoje seria mais aconselhável colocar a rolar Miles Davis, que constrói com o trompete ambientes bastante acolhedores e descontraídos. É desta forma que está a ser redigido este texto.

Então, a questão que tinha ficado do post anterior foi se existia fundamento moral para o facto de eu, inadvertidamente, ter impedido um assalto a uma pobre velhinha.

De um ponto de vista exterior à situação e analisando a situação, existiu uma acção que poderá ser classificada como boa (bem). A partir de uma acção minha foi evitado um assalto a uma velhinha. Tendo em conta que roubar é considerado mal, eu a evitar o roubo terei feito uma acção boa. No entanto a questão que se coloca é: Será que EU fiz bem? Ou seja, para eu saber se fiz ou não bem teria de ter conhecimento da acção. Para eu saber que fiz bem teria que ter dado conta que o pontapé que dei na pedra impediu o assalto, mesmo que completamente inadvertidamente, ou que alguém me tivesse informado de tal sequencia de factos.

Deste modo, poderemos concluir que eu só poderei fazer juízos de valor quando tomo conhecimento da acção. Acho que não é complicado perceber isto.

Desta conclusão começam a emergir várias outras questões que passo a enunciar não de forma exaustiva:

  1. Quando faço uma acção deverei ter presente um juízo moral da mesma? (ou seja, quando faço algo saberei de antemão se é boa ou não)
  2. Será que quando faço uma acção que julgo benéfica (bem) mas no entanto desencadeia uma sucessão de consequências que resultam em prejuízo do outro será que fia mal?
  3. Será que a classificação moral de uma acção preconizada por mim só poderá ser feita após o conhecimento da intenção com que foi feita?
  4. O que nos leva a fazer o bem ao invés do mal?

De uma forma condensada, acho que as respostas às pergunta acima formuladas serão:

1) Penso que quando produzo uma acção de forma consciente terei presente um juízo de valor associado.

2) Acho que não se pode dizer que quando eu faço uma acção almejando o bem mas que resulta em mal que eu fiz mal

3) Também acho que uma acção só pode ser classificada moralmente se houver intenção, ou seja, reconhecimento pelo autor da acção.

Considero que o que tudo o que foi dito até aqui é lógico e quase intuitivo. Mas agora vale a pena olhar para as consequências destas conclusões. Deixei a última questão por responder propositadamente pois é ela que vai revelar a verdadeira natureza da moral. Mas para isso vou ter de puxar a esta conversa uma ideia (para mim a Ideia) de Hegel. Hegel achava que o que moldava a acção humana era o reconhecimento pelo o Outro. Isto é bastante lógico já que um ser humano só existe em relação com o outro, ou seja, em sociedade (isto dito de forma bastante simplista). Assim sendo a prática do bem é um dos meios de se conseguir esse reconhecimento. Ou seja a prática do bem é sempre acompanhada de uma certa recompensa, quer seja consciente quer inconsciente, mas cuja a existência não se pode negar. Aliás essa recompensa poderá explicar a impulsão que todos (uns mais que outros) têm para fazer o bem.

Até concluímos que o facto de haver acções morais depende da relação com o outro numa existência em sociedade. Acontece que é essa mesma sociedade que impões os padrões morais, ou seja, que diz o que é o Bem e o Mal. Isto é muito fácil de perceber se comparar-mos sociedades que são regidas pelos catolicismo versus islamismo. Ou seja a conduta, ou a fonte moral, muda consoante o tipo de sociedade em que se viva.

Esta última consideração torna-se tremendamente importante na medida em que destrona a universalidade da moral. Poderemos dizer a título de exemplo: “O respeito pela vida humana é inquestionável...”, mas todos nós conhecemos sociedades (católicas e não católicas) onde existe pena de morte. Este é só um exemplo entre muito.

Assim podemos dizer que nenhuma acção que façamos poderá ter uma classificação moral universal.

É claro que a introdução de uma fonte divina da moral facilita muito as coisas. Se considerarmos que a moral vem de deus e que, por conseguinte, é perfeita e inquestionável, temos o assunto resolvido. No entanto esta noção cai pela base, já que a própria noção de deus é universal. Existem várias noções de deus, mas nenhuma é possível ser provada através de fundamentos racionais.

Assim, pode-se concluir que a moral não é universal e é relativa à sociedade onde nos encontramos inseridos. A moral é então, relativa sempre a um contexto, um artefacto para a vivência em sociedade. As tábuas sagradas que deus entregou a Moisés não são mais uma maneira, das muitas possíveis, para se viver em sociedade.

É claro que daqui para uma análise dos sistemas políticos é um saltinho, mas por aí já não vou. Gosto muito da moral mas muito pouco de política...

sexta-feira, novembro 19, 2004

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NA CAUDA DA REALIDADE...
SEM MEDO...


Preâmbulo
Desconstrução de um Post

Hoje, no caminho para casa, pensava sobre o que iria escrever no próximo post deste blog. Ao longo do caminho várias ideias foram passando pela cabeça. Uma delas consistiria num post que começaria assim:

«Estava surdo, só lhe via a boca frenética enquanto esbracejava com gestos curtos e incisivos. Após um breve momento recuperei e ainda fui a tempo de lhe ouvir sair da boca: “Basta, nunca mais”; após o que agarrou nas suas coisas e saiu porta fora com estrondo.»

Foi isto que me passou pela cabeça, mas depois pensei: “Não, isto é tão pouco eu...”
Recomecei de novo o caminho: “então o quê?”
Pensei então em formular uma crítica àqueles que se dedicam às coisas fúteis (do meu ponto de vista) concluindo numa já fórmula gasta e seca de que nada é realmente fútil. Ao lavar a loiça conclui que não. Não me poderia render à decadência da evidência.
Uma vez mais a dúvida impunha-se e um post era necessário escrever. Por momentos pensei, será que estou condenado a esbracejar na monótona evidência?... Enquanto passava o último copo por uma agradável água tépida veio a resposta. Lembrei-me da maturidade deste blog, o que o torna importante para mim: os pensamentos que deposito nele. E logo ali declarei: Um novo épico tem de nascer. E se vir-mos bem todas as epopeias têm um comburente em comum: A Moral. São sempre diferentes visões e a sua síntese que tornam grandes as epopeias.
Não me fiz rogado, enfiei o matemático Bach na aparelhagem e sentei-me a escrever.

Já há muito que cheguei a várias conclusões, que de tão óbvias, não sei como não são comuns a todos.
1) Não existe deus
2) Não existe amor
3) Não existe moral

Ou de outra forma:
Tanto deus, como o amor e a moral são meios de satisfazer focos de prazer pessoal

É engraçado a chegada às conclusões anteriores pode ser feita por caminhos bastante diferentes. Podemos chegar a cada uma destas conclusões percorrendo caminhos diferentes com razões diferentes. No entanto, acho como todas as premissas se encontram relacionadas (deus => amor => moral), será necessário percorrer um só caminho para chegar às tais conclusões óbvias que vos apresentei.

Irei começar por uma abordagem à moral com um exemplo. O caminho abstracto do pensamento não se adequa ao uso das palavras, por isso usarei um exemplo para abrir caminho pelas sombras que se abatem sobre nós.

Ia eu descansadamente a ler um livro enquanto andava. Distraidamente dei um pontapé numa pedra. Mal me apercebi do sucedido. Continuei lendo o livro. No entanto a pedra que tinha pontapeado rolou por uma encosta indo precisamente bater na cabeça de um assaltante impedindo-o de continuas a molestar uma pobre velhinha que trazia na carteira a sua parca reforma. Será que eu fiz BEM? (a palavra BEM neste contexto refere-se ao conceito universal de moral)
cont.


quinta-feira, novembro 18, 2004

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Às vezes esqueço que a vida é levada bem no limbo e começo a saltar e fazer piruetas. Depois de quase cair pergunto: “porque não saltar?”

Numa ilha deserta estavam dois lagartos em cima de uma rocha deixando que o sol lhes aquecesse o corpo; e eram felizes, assim...

quarta-feira, novembro 17, 2004

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Não quero sonhar
Não quero saber que as nuvens existem
Quero existir plenamente

terça-feira, novembro 16, 2004

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Estou convencido que a vida é um labirinto por onde andamos de luz apagada.
Tento, em vão, achar o interruptor para acender a luz para, pelo menos, perceber o caminho por onde vou...

Ouvindo This is hardcore dos Pulp

segunda-feira, novembro 15, 2004

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"Prefiro saber que estou errado a saber que estou confuso"

S. Moncada

sexta-feira, novembro 12, 2004

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Se eu fosse Palestiniano

Se eu fosse Palestiniano a quem, nos finais dos anos 40 a troco da promessa da devolução da minha terra, tivesse ajudado os Ingleses a expulsar os Turcos da Palestina para depois, num acto claro de traição, a darem a um povo déspota e arrogante como os Judeus com o aval de um não menos altivo povo como os Americanos.

Se no período depois tivesse visto o que restava da minha terra ser devastada e conquistada por esse mesmo povo que aproveitava para ir fazendo uma limpeza étnica do meu povo.

Se me tivessem sido prometidos inúmeros tratados de paz que nunca passaram de fachada de uma verdadeira intenção conquistadora, muito provavelmente neste momento tinha o corpo coberto de explosivos e rumava a qualquer ponto estratégico de Israel...

quinta-feira, novembro 04, 2004

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Às vezes pergunto-me que se não houvessem pássaros se alguma vez o Homem teria inventado o avião