pensamentos correntes, pensamentos pendentes

quinta-feira, maio 27, 2004

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Deus e a Filosofia II

Todos nós sabemos, especialmente os crentes, que deus é puramente uma questão de fé. E fé por definição é algo irracional, não se explica, sente-se e nada mais. No entanto, em paralelo com uma impulsão para arranjar um deus irracional que tudo explique, o Homem fica frustrado quando não consegue perceber as coisas que o rodeiam e deste modo tenta explicar o irracional pelo racional. Dentro destes exercício podemos encontrar as várias tentativas de explicação de forma racional a existência/necessidade da existência de deus.
É engraçado verificar que a tradução do nome original de deus, Jeová, signifique “aquele que é”. Ou seja deus é/existe por definição. É esta auto-existência que depois poderá explicar que tudo o resto exista. Esta é a forma mais racional que se consegue ter para a explicação da existência de deus. Se alguma coisa existe, deve a sua existência a deus que lhe fornece a sua existência. Como é claro, isto soa tudo a um exercício intelectual profícuo é certo, mas vazio de conteúdo. Isto seria o mesmo que eu criar uma nova entidade que se chamaria “aquele que anda” e atribuir a razão de tudo o que se movimenta à existência “daquele que anda”. No entanto, é nesta nova definição de deus, que os judeus e posteriormente os cristãos, têm a sua força conversora. É uma revolução religiosa aquela que Moisés nos trouxe. O conceito de deus passa a estar estritamente relacionada com a existência das coisas de uma maneira nunca antes vista, ou seja, directamente na sua essência.
Após este prólogo, gostaria de continuar com algumas passagens do tal livro que li “Deus e a Filosofia”.
A passagem que vou transcrever demonstra de uma forma bastante evidente a necessidade da criação de deus para que o homem se sinta ele próprio o centro do universo. Esta passagem descreve a razão, segundo o teólogo Malebranche, para que deus tenha escolhido este planeta, entre tantos em todo o universo, para criar o homem que o pudesse adorar. Passo então a descrever:
“Como poderemos então explicar o facto de, entre o número infinito de possíveis sistemas de relações no espaço, Deus ter escolhido precisamente aquele em que vivíamos para o criar? A resposta de Malebranche a esta pergunta é que, para além das relações de quantidade, existem relações de perfeição, Dois e dois são quatro é uma relação de quantidade; o homem é superior aos animais é uma relação de perfeição. Ora, tal como as relações quantitativas são puramente especulativas em género, as relações de perfeição são práticas por definição. O que nos parece melhor é aquilo que nos parece mais cativante. O mesmo se passa com Deus. Tomadas no seu conjunto, todas as possíveis relações de perfeição entre todos os seres possíveis formam um sistema infinito a que chamamos Ordem. Ora, «Deus ama intransigentemente esta Ordem imutável, que consiste e pode consistir apenas nas relações de perfeição que estão entre os seus atributos, bem como entre as ideias incluídas na sua própria substância». Portanto, Deus não podia amar nem desejar qualquer coisa que contrariasse esta Ordem eterna e absoluta sem amar e desejar contra a sua própria perfeição, o que é impossível. Foi por isso que Deus criou este mundo único tal como ele é. Não é, absolutamente falando, o mundo mais perfeito possível, mas é pelo menos o mundo mais perfeito que Deus poderia criar, dado que teria de ser um mundo regido por leis universais, uniformes e inteligíveis.” Fim de citação
Este texto está impregnado de paradoxos, absurdos e contradições, mas é uma tentativa, fraca no meu entender. Ale do mais atenta contra deus, é herege. Diz que este é o melhor mundo que deus conseguiu criar, ou seja, poder-se-ia fazer melhor mas deus não o fez. Porquê? Se deus é omnipotente....
Depois a questão da Ordem. De modo a que o homem seja considerado superior ao resto dos animais, o que faz? Cria deus, que completa a essa ordem de superioridade.
Para mim a prova mais que evidente que deus não existe é o mundo existir. O mundo não é perfeito porque a perfeição, tal como deus, não existe. A perfeição é sempre relativa, não existe uma perfeição absoluta, logo a definição básica (já referida por Leibniz) de deus, a sua perfeição, cai por terra.
Para acabar só mais uma coisa. Como pode algo não-perfeito ter origem em algo perfeito. É um absurdo logo falso. Logo à partida concluir-se que deus não criou o homem nem nada mais e por extensão, deus não existe.

É claro que isto continua...
Da próxima vez vou falar do grande inimigo da racionalidade teológica, a ciência

terça-feira, maio 25, 2004

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Já repararam que o dia vem depois da noite e vice-versa. Nunca repararam que todo o mundo, especialmente o mundo humano, é constituido por binómios. Homem-Mulher, Bem-Mal, Deus-Diabo.
Está tudo à nosse frente, só temos de abrir os olhos...

terça-feira, maio 18, 2004

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Cá vamos nós novamente. Ou ainda
A porcaria do tormento que é ter um orgão que serve para pensar....


Há pouco tempo acabei de ler um livro. Nada demais. O gosto pela leitura acompanha-me desde que me lembro de mim. Confesso que prefiro os livros novos aos velhos. O prazer que me dá desfolhar um livro acabadinho de fazer. Aquele cheiro, aquela emoção de sentir que está ali um mundo ao alcance de ser descoberto. Enfim, a letra, a palavra, são daquelas coisas tipicamente humanas. Não há volta a dar.
Outra coisa que é inerentemente humana é o conceito de deus. Este é um tema pelo qual me interesso bastante. As crenças que cada um te dizem muito de nós. Dizem de mim como pessoa mas também dizem da minha cultura, no final, do meu modo de vida. Por isto mesmo acabei mesmo de ler um livro que se chama “Deus e a Filosofia”. Atenção, não nos podemos confundir, uma coisa é deus, outra a filosofia e outra ainda a teologia. Mas por estas coisas andarem sempre tão intricadamente ligadas tive curiosidade de ler este preciso livro. O livro, basicamente, é uma descrição da visão que as filosofias das várias alturas tinham de deus. Começa, naturalmente, pelos gregos, passa pela idade média, em que a filosofia quase se pode resumir à teologia da altura (não havia espaço para mais, as únicas pessoas cultas eram aquelas ligadas à igreja), passa então para a filosofia moderna e finaliza com a filosofia contemporânea. Tudo numa sequência lógica e bem determinada, até agora nada de novo. No entanto tenho de acrescentar que esperava mais. Fiquei desiludido com Sto. Agostinho, com São Tomás de Aquino, com o próprio autor do livro, e por momentos com a própria filosofia. A noção de deus e tudo o que a rodeia dá água pela barba a muita gente há muito tempo. É um tema interessante mas vazio ao mesmo tempo. Mas nós humanos somos assim mesmo gostamos de fazer as coisas somente pelo gosto que temos em fazê-las.
Como também sou humano, (sem qualquer tipo de dúvida do tipo filosófico do género, será que sou mesmo humano, o que é ser humano afinal de contas?) gosto de fazer este género de exercícios e é isso mesmo que vou fazer. Correndo o risco de colocar fora de contexto as coisas, vou transcrever algumas passagens e comentá-las, por as coisas de um outro ponto de vista e no fim... não tirar nenhuma conclusão, a filosofia é isto mesmo, são mais importantes as questões que as próprias respostas...
Comecemos estão:
Passagem I:
Estamos no capítulo em que se fala acerca de deus e a filosofia cristã.
“Nada lhe pode ser acrescentado, nada lhe pode ser subtraído; e uma vez que nada pode participar do seu der sem ser imediatamente ele próprio «Ele que é» (nome traduzido à letra de Javé, nome original de deus)pode gozar eternamente da plenitude da sua perfeição, da sua beatitude, sem necessidade de conceder existência mãos alguém, ou a mais alguma coisa, qualquer que seja.
Porém, é um facto que existe algo que não é Deus. Os homens, por exemplo, não são um acto eterno de existência absoluta, existem, por isso, alguns seres que são radicalmente diferentes de Deus, pelo menos na medida em que, ao contrário dele, podem não ter existido e, contudo, podem a certo momento deixar de existir. Assim, ser ou existir não é de forma alguma ser e existir da mesma forma que Deus é ou existe. Não se trata portanto de uma espécie inferior de deus, ou melhor, não se trata de qualquer deus. A única explicação possível para a presença desses seres finitos e contingentes é que «Ele que é» lhes deu livremente existência, não como partes da sua própria existência que, por ser absoluta e total é também única, mas como imitações finitas e parciais do que Ele próprio eternamente é por direito próprio. A este acto, através do qual «Ele que é» dá origem à existência de alguma coisa que, e si mesma, não é, chama-se na filosofia cristã «criação». Daqui se conclui que enquanto tudo o que o Deus cristão gera tem necessariamente de comungar da unidade de Deus; tudo o que não comunga da sua unidade tem necessariamente de ser criado não gerado.
É este, de facto, o mundo cristão de Santo Agostino”

St. Agostinho ficou conhecido por utilizar o método filosófico grego na teologia cristã. Agora o que pergunto é: Será que alguém se deixa convencer seriamente pelos argumentos acima expostos? Se reparar-mos não passam de jogos de palavras que no final, nada se pode concluir. Inventam-se definições para logo a seguir extrapolar para postulados universais. É um jogo de pescada de rabo na boca, confuso como convém para passar uma invenção, mas desprovida de qualquer lógica ou real substância argumentativa.
Passemos ao próximo...

sexta-feira, maio 14, 2004

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O que eu não dava para ser pastor....

Como eu gostava de ter coragem. Acho que todos estamos aprisionados. Não querendo plagiar Fernando Pessoa no seu heterónimo Alberto Caeiro, gostava de ter a coragem e ser pastor. Não é ser pastor no sentido metafórico, ser pastor à séria. Eu que eu quero dizer é que gostaria de ter a coragem para me levantar deste banco, comprar umas 10 ovelhas e arranjar um cão vadio. Dar 10 nomes diferentes às ovelhas e outro ainda ao cão. Comprar um caderno em branco e levar as ovelhas a pastar por esses campos desertos em pessoas. Com o cão deitado aos meus pés, escreveria os meus pensamentos no caderno. Às vezes sinto que muito do que penso se perde, por isso a importância do caderno. Quando tivesse alguma dúvida discutia-a com as ovelhas, por fim o cão fazia a síntese e poderia continuar para o próximo ponto. Acabaria os dias a tocar flauta para as ovelhas enquanto comeria queijo com pão duro. Dormiria ao relento aquecido pela lã das ovelhas.
Mas para fazer isto tudo teria que ter coragem. Não tenho. Vou continuar amarrado a um tecto e à presença corrosiva daqueles que me rodeiam...

quinta-feira, maio 13, 2004

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Tu que és cego, levanta-te e vê...

Hoje ouvi uma coisa, que já nem devia ligas, mas confeso que me deixou estarrecido. Ao que parece, segundo as notícias de hoje, o EUA, quer dizer, o governo Bush, querem tentar limpar a imagem (já que a época da pré-campanha já começou) com uma medida que só poderia ter origem naquelas cabeças arrogantes e déspotas. Parece que querem indeminizar os presos e as suas famílias. É mais ou menos aplicar o seu pensamento capitalista ao mas básico da ética humana. O pensamento segue mais ou menos esta linha: Eu posso fazer o que me apetecer, que se algo correr mal, eu sou filhinho do papá rico que tudo resolverá...

quarta-feira, maio 12, 2004

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Queima e a liberdade da ignorância

Ontem, aqui em Coimbra, como todos saberão, comemorou-se o dia d’Queima das Fitas. Festa histórica, bem regada é acompanhada pelo já mítico grito E-F-R-A... AAaaaa.
No entanto olhava para todos aqueles rostos inundados de pura felicidade e pensava – Que ilusão estão todos a viver. Depois não tive alternativa que não cair em mim e pensar. Se em ti resta alguma felicidade será mais real que aquela que aqueles que gritam etílicamente E-F-R’as. Aquela felicidade que eu sei que é alimentada pela ignorância que o futuro se encarregará de desvendar poderá ser comparada com a a felicidade que eu hoje tenho. A ignorância é uma prisão com que nós estamos condenados a viver. Não temos alternativa. E agora o que fazer? Numa atitude racionalista, levar este facto até às últimas consequências. Por mim... que se foda...

segunda-feira, maio 10, 2004

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Um fim-de-semana bem passado

Este fim-de-semana fui a uma reunião cheia de pessoas sábias. Foi uma reunião sobre bioética com um tema, que à partida, até seria interessante. Basicamente era sobre o desejo e o interdito. Acho que é claro que a imposição de um interdito implica a criação de um desejo. Mas isto já foi bastante bem exposto no primeiro livro da Bíblia, os Génesis, com aquela história do Adão e Eva e sua relação com as árvores do paraíso. Até aqui tudo bem.
A certa altura tomou posse da palavra um cónego. Eu não sabia destas coisas da hierarquia eclesiástica, mas o cónego é aquele que vem antes do bispo. A princípio até pensei que fosse aquela pessoa que ajudasse o padre durante a missa, mas depois vai a ver-se e o homem é quase bispo, ainda bem que não lhe perguntei pela mulher e filhos, ele ainda era capaz de me perguntar como é que eu sabia...
Mas vamos ao que realmente interessa. A certa altura do seu discurso, quase todo baseado no novo catecismo da igreja católica, começa a desenrolar um argumento de lógica que me impressionou bastante. Era mais ou menos neste género:
“O Homem tende para deus, pois deus é amor. Se a felicidade está em encontrar o amor é claro que o Homem naturalmente procura deus. Assim deus é, à partida, o objectivo do homem se este quer encontrar a sua felicidade. Ao encontrar o amor em deus o Homem encontra-se a si próprio e é neste encontro com o amor divino que o Homem se completa e é feliz”
O discurso do referido cónego andou sempre em volta desta lógica, e para mim o mais surpreendente foi ver à minha volta alguns acenos de cabeça.
Mas será que ninguém vê que aquilo que o cónego estava a fazer eram meras redundâncias vazias sem qualquer significado?
A partir desta altura diverti-me a ver até que ponto o cónego levava esta sua lógica, que também é a lógica do novo catecismo da igreja católica, avante. E olhem, aquilo é que foi uma barrigada de riso. É claro que este divertimento foi todo interior. Se eu não queria ser queimado logo ali, era melhor que fizesse cara séria...

sexta-feira, maio 07, 2004

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Mais uma vez moral. Sempre a moral.

É claro que teria da voltar à moral. Alias desconfia que nas minhas reflexões, a referência à moral, ao bem e ao mal, surgirá de uma forma regular. Não é essa sempre a nossa maior preocupação? Distinguir o bem do mal e agir em conformidade? É devido a isso mesmo que a reflexão sobre a moral consumirá sempre uma grande parte do nosso pensamento.
Mas desta vez, e para minha grande pena vou ter que plagiar. Acho que se não conseguir fazer tão, terei que aprender com quem o faz. E de uma forma inicial, aprende-se copiando. Depois nasce em nós uma vontade de inovar e é aí que criamos o nosso estilo, que marcamos o nosso cunho pessoal naquilo que criamos.
Hoje vou ter que citar Clara Pinto Correia no seu livro “Os Mensageiros Secundários”. (Será que plagiar a plagiadora é moralmente incorrecto?)

O engraçado disto é que a parte que vou citar é uma parte do livro em que uma personagem do livro explica o pensamento de outra sumidade no campo filosófico: Nietzsche...
Então aqui vai, é delicioso
“O desgraçado cria o Ahora-Mazda como essência única de divindade, e o AM é todo Bem, e portanto é todo luz. E por isso estamos feitos. Porque – quer dizer, por isso, se só há luz como é que a gente consegue ver? Se o mundo fosse banhado apenas por luz, não havia contraste e não havia sombra, não havia nuance, não havia movimento, o nosso universo inteiro era cego, e a gente nem conseguia andar por aí sem estar sempre a esbarrar em cadeiras, e mesas, e paredes, e isso. Como é que a pessoa encontra o caminho onde não há contraste? Ai de nós. Nós precisamos de sombras. Precisamos de trevas que dêem espessura e relevo à nossa luz.
E por isso o Zarathustra tem que pensar outra vez no seu esquema, e depois não tem outro remédio senão introduzir no esquema o conceitos do Mal. O Mal é escuro. Invade o poder da luz. A luz e as trevas lutam entre si. E nós estamos salvos. Já fomos cegos, mas agora vemos.
Salvos pelo Diabo
Somos nós.

Gosto desta dicotomia primordial, porque tenho a certeza absoluta de que não conseguiríamos viver sem os nossos demónios. Aceitarmos que só há um Deus, mesmo que a gente O reconheça por muitos nomes e denominações diferentes, é sempre uma complicação muito grande, mesmo para os mais ecuménicos de nós todos. Com os demónios já não temos, nunca tivemos, esse problema. Há milhares deles, e a gente sabe. E, ao contrário de Deus, preocupam-se mesmo connosco e são-nos inteiramente acessíveis. Vivem connosco. Tentam-nos, enganam-nos, atraiçoam-nos, pregam-nos rasteiras, e nós lutamos contra eles com as mesmas armas. Alguém pode imaginar sequer lutar contra Deus? Deus está num sítio qualquer que fica muito longe. Deus é demasiado poderoso. E está demasiado ocupado com todas as Suas regras e leis que nos são absolutamente inacessíveis. Nunca O conheceremos. Ele não quer saber.”

Fim de citação.
O Nietzsche era um ganda maluco, todos nós sabemos. Mas essa não é razão suficiente para não poder chegar à verdade...
Será uma verdade menos verdadeira se provier da boca de um louco?

terça-feira, maio 04, 2004

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A Última Ceia de da Vinci

Meus caros amigos, confesso que ainda ando na ressaca do último livro que li e acho que é miha obrigação chamar a atenção para pequenos pormenores que andam no mundo que nós não nos damos conta. Se repararem bem para a personagem que se encontra ao lado esquerdo de Jesus de quem olha de frente não vos dá a impressão que é uma mulher. Então não é mesmo uma mulher? Sem dúvida que é uma mulher... E que mulher é esta? As probabilidades apontam para Maria Madalena. Mas que papel teve Maria Madalena na vida de Jesus?
Outra coisa interessante. Representada na pintura da última ceia estaria o cálice há muito procurado, denominado como santo graal. Se olharem bem para a pintura vêem o referido cálice? Reparem bem o que se vê Cada apóstolo tem o seu copo, até parece que são e vidro. Então onde está o cálice?
Ainda outra coisa. A última ceia supostamente foi à noite. Porque será que da Vinci a pinto como tendo ocorrido de dia? E o que estaria Pedro a dizer àquela mulher sentada ao lado de Jesus?
Que mistérios possuia da Vinci. O que estará ele a tentar dizer-nos?
Para mais trapalhadas destas devem clicar aqui


segunda-feira, maio 03, 2004

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Só vemos aquilo que queremos ver. Ninguém está imune....

Vou dar um intervalo à discussão que vinha decorrendo sobre a moral, mas garanto que não fica esquecida. Dentro em breve voltarei à carga.
Hoje venho falar de coisas que à partida não são assim tão óbvias, mas que nós, acho que devido a uma tendência intrínseca para crer sem ter muito trabalho, acreditamos cegamente.
Como é claro, o exemplo mais flagrante é todo aquele que está relacionado com as crenças religiosas.
Vou só citar um exemplo simples e conciso que demonstra o que disse anteriormente.
Não sabia, descobrir há pouco, que haviam mais de 80 evangelhos. Ao que parece a própria Maria Madalena (sem sombra de dúvida a mulher mais próxima de Jesus (quer em termos espirituais quer em termos carnais) escreveu um evangelho. Acontece que quando a bíblia foi compilada três séculos depois da morte de Jesus encomendada por um imperador romano pagão (o que não deixa de ser curioso, o livro sagrado dos católicos ter sido encomendado por uma pessoa pagã numa atitude declaradamente política ) fizeram-se constar somente 4 evangelhos. Agora a pergunta que se coloca é: como foram seleccionados os evangelhos que constam na bíblia actual e que regulou o comportamento social e político dos últimos XV séculos?
A versão oficial do Vaticano é a seguinte: Os bispos e cardeais eliminaram logo à partida alguns evangelhos. Presumo que o evangelho de Maria Madalena terá sido dos primeiros a ser eliminado. Sendo a religião católica dominada por homens, era inconcebível que houvesse um evangelho de uma mulher na bíblia. Quando chegaram a um número reduzido de evangelhos o que fizeram foi deixá-los em cima do altar de uma igreja durante um noite. No dia seguinte ao chegarem só restavam 4 evangelhos em cima do altar. Conclusão: Tinha sido o espírito santo a fazer a selecção dos evangelhos. Desta história cada um tire a sua conclusão. A versão não oficial da selecção está mais relacionada com o próprio conteúdo dos evangelhos. Ao que parece interessou mais aos responsáveis da selecção mostrar mais o lado mais espiritual de Jesus (os ensinamentos, os milagres, etc.) que a sua faceta mais mundana (relacionamento com mulheres, o que comia, etc.). Desta forma foram escolhidos os evangelhos que hoje são encontrados na bíblia.
É engraçado que podíamos presumir que tudo isto foi feito puramente na base da fé. Que o Vaticano é constituído e regulado baseado somente na fé. Acham mesmo que sim. É muito mais fácil fazer crer num ser espiritual que fazia milagres que acreditar num homem que dizia ser filho de deus, fazia milagres, explanava pensamentos sábias, mas que amava uma mulher e que ia com ela para a cama, como fazem todos os homens normais.
Como dizia da Vinci:
"Abri os olhos, ignorantes...."