pensamentos correntes, pensamentos pendentes

quarta-feira, abril 14, 2004

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A moral do bem – III

O conceito de bem e de mal, foi já alvo de muita reflexão durante os tempos. Aqui não pretendo descobrir a verdade (pois como irei demonstrar mais à frente, a verdade não existe em termos morais), mas sim dar uma outra perspectiva. Continuemos então.

A situação descrita anteriormente não poderá ser classificada moralmente, pois não houve intenção, logo não foi boa como também não foi má. Deste modo só se poderá classificar uma acção quando existe uma intenção inerente. Assim uma acção só é realmente boa ou má quando se tem consciência desta. Desta forma é fácil constatar que um acto só pode ser classificado moralmente como pertencendo ao domínio do bem e do mal só se se tiver presente a consciência do acto feito. Assim sendo, quando praticamos um acto consensualmente aceite como sendo bem (atenção que esta é uma parte importante para entender-mos mais à frente a relação entre o bem e o relativismo sistemático e depois ainda mais à frente da inexistência da moral tal como a entendemos como sendo a divisão do bem e do mal) estamos sempre conscientes de que o estamos a praticar.
Por mais voltas que possamos dar, o facto de haver sempre uma consciência da noção moral que envolve os nossos actos reflecte uma muito provável existência de uma relação entre a prática desse acto e de um objectivo. Como é claro, estabelecer esta relação em puros actos de altruísmo poderá ser difícil mas não impossível. Como já vislumbrei, existe um condutor na nossa conduta – a consciência – e será por essa via que virá um reflexo que poderá, em última análise, ser classificado como recompensa (sei de antemão que este não será o termo mais acertado, mas por enquanto vai ter de servir) para o acto de mais puro altruísmo. É claro que agora seria muito interessante aplicar este conceito dinâmico consciência-acto-reflexo a exemplos concretos, Jesus Cristo, Mde Teresa de Calcutá, etc. Como é óbvio não o vou fazer, deixo esse exercício para quem queira, eu por mim já o fiz e ainda não achei brechas na teoria.
A partir daqui começa um outro caminho levantado por outra questão: Se os actos morais são regulados pela consciência destes, qual é o papel da moral afinal de contas....
Continua....