pensamentos correntes, pensamentos pendentes

quarta-feira, fevereiro 25, 2004

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A existência está contaminada com subterfúgios facilitistas...


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Caros amigos,
Se querem rir e já não têm pachorra para o humor dos malucos do riso (friso uma vez mais, esse grande programa de humor da SIC), vão a 100Vergonha e vejam o post de 03.02.04. Não se preocupem não é nada de ofensivo...

segunda-feira, fevereiro 23, 2004

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Possibilidades e Probabilidades...

A não ser que nada aconteça, tudo pode acontecer. São destas coisas que por vezes nos esquecemos de tão simples que são. No entanto para acontecer é preciso que existamos. No entanto, na maior parte das vezes não existimos, flutuamos por cima da vida, escapando-lhe completamente. Todos os dias ansiamos que o mundo se transforme, que à nossa frente se abra um túnel de luz que nos levará ao paraíso. Esperamos e flutuamos. Nada acontece. Estranhamos. Entranhamos. Continuamos à espera e por fim morremos. Deixamos de existir. Assim, quase sem darmos por isso. Aqueles breves minutos que levamos a morrer não passam disso mesmo, de uma brevidade no tempo. Para nós são quase eternos. Há quem afirme que são mesmo a eternidade. Mas não tenhamos ilusões, desaparecemos para nós.
Por vezes custa, mas de tempos a tempos forço-me a sentir o ar que respiro. Sinto-o a entrar pelo nariz, a passas já um pouco mais quente pela laringe faringe, até que pela força que o próprio ar tem, expande os pulmões quase até à sua explosão. Depois dá-se o processo inverso. Abro os olhos e sei que estou vivo. Não flutuo. Estou mesmo vivo...


quinta-feira, fevereiro 19, 2004

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Há coisa que me chateiam. Umas mais que outras, como é óbvio. Mas a pergunta que se levante logo à partida é: Porque nos chateamos nós com as coisas? Não seria a vida muito melhor se deixássemos a coisa rolar sem problemas? Mas não... tudo é uma complicação quando todos sabemos que viver poderia ser tão mais simples.
Deixem-me sonhar só mais uma vez....

terça-feira, fevereiro 17, 2004

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Estou numa de modas.
Agora parece que está na moda as triologias.
Pois bem, estou apreparar uma triologia.
Vai ser qualquer coisa do género
Vida
Morte
e Ilusão.

sexta-feira, fevereiro 13, 2004

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Ligação USB Cérebro-Blog

Por vezes gostaria de ter uma ligação USB e ligar-me directamente ao processador de texto. Transcrever tudo o que me vai pela cabeça e dá-lo a conhecer ao mundo. Gostaria de encontrar outros como eu e partilhar com eles o meu ser. Mas não escrevendo ou conversando, é sempre tão redutor. Gostaria também de me ligar a eles pela mesma ligação USB pela qual me tinha ligado anteriormente ao computador. Fundir-me-ia com eles, perder-me-ia, abandonava o meu ser e no final seria melhor.

Outras vezes , fecho os olhos e mergulho na loucura que me invade. É outro mundo. Um mundo de anarquia soberba. Acho que poderia ser representada por uma fusão completa com tudo aquilo que nos rodeia. A maior loucura é ter-se a vontade e a coragem de se ser livre. É abrir os braços, levantar os braços fechar os olhos e seguir em frente com a convicção das nossas certezas, pois são elas que fazem de nós o ser que somos. Tudo o resto é pura ilusão. (Vou falar disto um dia destes, está na altura de voltar aos tempos existencialistas...)

quinta-feira, fevereiro 12, 2004

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21 gramas

Não era para pôr mais posts hoje, mas fui ontem ver o "21 gramas" e não consigo resistir à tentação.
Não vou falar do filme em si, o melhor é irem ver... mas sim da realização. Do mesmo realizador podemos ver "Amores Perros" (Amor Cão, em Português, simplesmente espantoso), Alejandro González Iñárritu inverte todo o ritmo a que estamos habituados a ver nos filmes. Elel escolhe começar pelo meio ou mesmo pelo fim. O filme é uma sequência de cenas passadas em diferentes espaços temporais. Agora o desafia para o espectador não é tentar perceber como vai acabar o filme, mas sim como poderá chegar àquele fim, ou seja, constroi-se o miolo. Muito bem realizado, exceletemente interpretado, a não perder.

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Ponto negro final

Resumindo os dois post anteriores, o que eu queria dizer é que basicamente, quando pensamos nas coisa casualmente, normalmente ficamo-nos pela superficialidade. Quando temos de expor essas mesmas ideias, quando temos de lhes dar uma forma coerente, exige-se profundidade a estrutura lógica das mesmas. Essa é o papel do blog. Era só isto.

terça-feira, fevereiro 10, 2004

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O Ponto Negro e o Pensamento (II)

Voltei. Após um interregno de uma semana (na qual abandonei a Lusa terra) voltei para continuar esta mini-série de reflexões acerca da relação existente entre o ponto negro e o pensamento.
O processo do desenrolar do pensamento está intimamente associado ao processo de expulsar o ponto negro. Senão vejamos a seguinte sequência de acontecimentos que decorre em cada uma destas actividades.
Comecemos pelo ponto negro.
O ponto negro aparece sem que demos por ele. A certa altura, ao passar com a mão no local onde se encontra o ponto negro, notamos que existe ali uma qualquer protuberância. Como é óbvio vamos logo a correr ao espelho mais próximo para o analisar mais de perto, tirar-lhe as medidas, fazer uma primeira avaliação. Começa-se a delinear uma estratégia. Como farei? Farei com uma só mão? Deixarei passar mais algum tempo para ele encher um pouco mais e assim ter um maior prazer? Espremerei com as duas mãos. Com as unhas? Deverei crescer um pouco mais as unhas para poder espremer com mais força? E depois o factor de maior importância. O acto de espremer o ponto negro é sempre feita é sempre solitário. Ou seja, é preciso afastar-se das outras pessoas para se poder espremer convenientemente. É precisa calma, serenidade, silêncio. Por fim faz-se uma última análise dos pós e contras. Será que a dor que se vai sentir compensará o prazer que se terá. Geralmente por fim, esprememos.

Agora o pensamento.
Existem ideias (pensamentos) que estão lá e nem damos por elas. Outras vezes, as ideias não estão lá de uma forma completa, mas facilmente desabrocham naquela ideia. Perante o pensamento temos uma atitude muito mais passiva que em relação ao ponto negro. O pensamento não é algo que nos faça correr, amadurece mais lentamente. Enquanto nós atingimos o ponto negro, o pensamento atinge-nos a nós. Podemos demorar a reagir mas fá-lo-emos. Isso acontece, normalmente durante um momento de calma, serenidade, silêncio e solidão. O pensamento não é compatível com a interpelação de outrem, é um processo a priori solitário. Aí começa o processo de argumentação, lógica. A intuição perde terreno, quase desaparece. Entramos várias vezes por caminhos errados, perdemo-nos e voltamos ao ponto de partida, mas caminha-se lentamente. É preciso consolidar um passo para não cair no próximo. No princípio, preguiçosamente, passamos por cima de alguns passos, mas depressa nos damos conta que não vale a pena ser apressado. Gastamos tempo a chegar a uma conclusão e por fim respiramos fundo para passar à próxima etapa. Por fim chega o momento da conclusão final. Chegamos ao ponto correspondente ao de ter o ponto negro a escorrer pelo espelho abaixo. O prazer que se obtém de se chegar a uma conclusão limpa, livre de erros de lógica é um orgasmo. Sente-se o cérebro dormente, uma corrente eléctrica que percorrer todo o corpo, é fantástico. Mas orgasmo destes são raros, trabalhosos, e por vezes desiste-se antes de lá chegar. Por vezes temos ejaculação precoce, gritamos eureka para depois descobrir que caímos numa falácia. Mas o pensamento é assim mesmo. Uma ilusão. A tentativa de racionalização não existe para além dos nossos modelos intelectuais. Estou a navegar ao sabor do pensamento, é bom, é como o andar nas ondas do mar. É perder-me nas ruas de uma grande cidade. Olhar olhos nos olhos das putas que lá andam e percebê-la, sentir-lhes a dor. Estou anestesiado, quero fluir, estou embriagado. Não aguento mais. Vou parar. Uf....
Percebem do que estou a falar. O pensamento livre é perigoso. Mas quanto mais livre, mais prazer