pensamentos correntes, pensamentos pendentes

sábado, janeiro 31, 2004

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O Ponto Negro e o Pensamento (I)

Um dia destes estava a praticar duas das minhas actividades ao mesmo tempo (sim que consigo fazer duas coisas ao mesmo tempo e sim, voltei aos meus tempos irónicos, mas vou tentar-me conter).
Após várias tentativas de espremer aquele ponto negro teimoso passou-me mais uma daquelas ideias fantásticas (e não serão todas as ideias fantásticas somente pelo facto de existirem?). Os pensamentos são como os pontos negros. E zás, lá estava o ponto negro a escorrer pelo espelho abaixo (que belo que é ver aquela nhanha meio sólida meio líquida a escorrer pelo vidro do espelho). Depois deste início de pensamento foi um não parar de raciocínios de lógica e contra-argumentação até chegar a uma conclusão final. O pensamento desenrola-se assim mesmo. Têm-se uma ideia inicial, que nos parece certa pelo menos intuitivamente e depois, é o fortalecimento dessa ideia. Isso faz-se pela contra-argumentação. A racionalização e justificação da intuição. Mas o que isto tem a ver com os pontos negros? Bom lá vamos então, vou é por mais um factor ao barulho. O blog são as unhas que espremem o ponto negro. Agora que todos os ingredientes estão apresentados vamos à preparação da receita.
Já num post anterior (Antropologia do Blog) referi a importância do blog para a liberdade pessoal agora, e na continuação de uma reflexão acerca do fenómeno blog, cheguei à conclusão que o blog além de nos libertar também nos faz evoluir em termos intelectuais.
Muitas pessoas possuem os tais pensamentos/pressupostos de que falei anteriormente. Intuitivamente sabemos que é assim, mas muitas vezes não se vai para além disso. É o mesmo quando olhamos para o ponto negro. À partida quando olhamos para o ponto negro não sabemos o que estará por trás dele, à partida é somente um ponto negro, tão negro que não se consegue ter noção do que tem por trás, e mais nada saberemos sobre este ponto negro até o espremer. Até lá fazemos só contemplação e especulação. Pelo o aspecto é daqueles grandes líquidos – diria alguém – Não, não esse é daqueles pretos até à raiz – diria outro alguém, e por aí fora. Muitas vezes isto mesmo acontece com o pensamento. Muitas vezes não vamos ao funda da questão perdendo-se a essência desse pensamento. É aqui que entra o blog. Nós ao escrevermos os nossos pensamento e sujeitá-lo à crítica de quem passa pelo blog. Ao transpor para a escrita os nossos pensamentos, como é um processo mais lento, também está mais sujeito à auto-crítica, amadurece mais lentamente e no final quase sempre, sai melhor.
Na maior parte das vezes o que acontece é que ao escrever os nossos pensamentos o que acontece é que temos de ir mais fundo, o que no final se traduz em algo mais profundo, mais verdadeiro.
Continua...

quarta-feira, janeiro 28, 2004

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Tenho de fazer uma referência a um blog amigo que tem uma entrada simplesmente fantástica, refiro-me à entrada “Eu gosto muito dos seres humanos.” no blog http://zogoiby.blogspot.com. Simplesmente, genial. Quando for grande quero ter ideias assim. A clarividência com que se explica o que é ser um ser humano estúpido numa sociedade estupidificante é incrível. Aconselho vivamente. Depois, já que lá estão, passem uma olhadela pelo resto das entradas que não se vã arrepender.

terça-feira, janeiro 27, 2004

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No entanto no post anterior esqueci-me de dizer como o barão d’Holbach deu origem a este blog. D’Holbach ao falar de ateísmo numa época em que seria impensável tal assunto demonstrou bastante convicção no seu pensamento e coragem para o demonstrar, mas não burrice ao ponto de assinar com o seu nome verdadeiro. Foi verdadeiramente a primeira pessoa no ocidente a falar do ateísmo como um facto normal e racionalmente lógico. Foi neste espírito que fundei este blog e queria ter-lhe chamado d-holbach, mas saiu d-holbster. Na altura me que criei este blog não tinha a fonte bibliográfica à mão e por isso tive de me recordar do nome de cabeça. Como nunca fui muito de decorar coisas, o nome mais parecido que me lembrei foi d-holbster. E d-holbster ficou. No final até acho que não ficou mal, mas fica o apontamento...

sexta-feira, janeiro 23, 2004

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Hoje, finalmente vou falar da personagem na qual baseei este blog.
Paul Henri Thiery, Baron D'Holbach

Paul Henri Thiery, Baron D'Holbach nasceu a Dezembro de 1723. Alemão de nascença foi criado em França, herdando a fortuna do tio e o seu título.
Apesar de na altura poucas pessoas se terem dado conta, Holbach foi o primeiro a escrever de uma forma aberta sobre o ateísmo. A sua estada em Paris permitiu que este se tornasse um ponto de encontro para os mais proeminentes intelectuais do século 18. Holbach era amigo íntimo de Denis Diderot (1713-1784), colaborando com ele na famosa enciclopédia de Diderot Encyclopédie (1751-72).
De modo a evitar a perseguição foi obrigado a publicar a maior parte dos seus escritos anti-religiosos anonimamente ou sob nomes falsos, normalmente de pensadores livres que tinham morrido anteriormente.
O seu livro mais famoso é The System of Nature (1770), tido como a bíblia do ateísmo. Em 1772 publicou Good Sense, um sumário das ideias pincipais de The System of Nature. Os livros de Holbach provocaram muita controvérsia e atraiu muitos opositores, mesmo dos pensadores livres como Voltaire ou Frederico O Grande.
Holbach morreu em Paris a 21 de Janeiro de 1789, poucos mese antes da Revolução Francesa. A sua autoria do livro The System of Nature e das suas outras obras ficaram no desconhecimento até ao século XIX. Lamentavelmente muito pouco do deu trabalho se encontra em Português, tendo-se que recorrer ao inglês/alemão/francês.



Para biografia mais completa clica aqui

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Ontem, numa das minhas já habituais insónias, reparei que ando a cair numa falácia relacionada com este blog. Confesso que esta semana andei sempre de olho em cima do número de visitantes deste blog. Pensei em estratégias para aumentar o número de visitantes. Apliquei-as e até consegui aumentar um pouco o número de novos visitantes a este blog. No entanto ontem, na referida insónia, conclui que nada disto estava certo. Se se lembram do post “Antropologia do Blog - Dezembro 29, 2003” Onde expus a ideia de que a existência dos blogs tinham contribuindo de uma forma evidente para a nossa liberdade. Para mostrar-mos aos outros os nossos pensamentos, que tão difícil seria de outra forma. No entanto, esta minha preocupação de saber se o blog tem muita audiência, de actuar de modo a chamar mais visitas etc. vai contra tudo o que disse anteriormente sobre os blogs. Este blog, ao invés de me trazer liberdade, estava-me precisamente a tirá-la. Esqueci-me de uma variável que sempre seleccionou o trigo do joio. O Tempo. Os blogs não são para ser dados a conhecer, são para ser descobertos e isso, leva tempo. Vejamos o exemplo típico da vida. Apesar de ser algo tão complexo, dando tempo ao tempo ela surgiu, e não foi preciso que algo dirigisse a sua existência. O tempo permite que se formem conjecturas, que acontecimentos pouco prováveis aconteçam e desta forma coisas quase impossíveis acontecem, basta dar tempo. É por isso mesmo que vou abandonar qualquer tipo de estratégia de angariar visitantes para este blog, vou deixar o tempo fazê-lo e assim serei livre.



quarta-feira, janeiro 21, 2004

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A vantagem de ser humano...
Ainda há pouco tempo discutia com alguém as virtudes do que é ser humano. Esse alguém dizia que o ser humano tinha mais, era mais. O ser humano possuía a racionalidade. E naquele momento, como em tantos outros, questionei-a: E depois? Qual é a vantagem que advém daí?
Vejamos só como vivemos e o que fazemos com a nossa racionalidade. O regime social/político mais e melhor aceite é hoje, sem dúvida, a democracia liberal. Basicamente uma selva onde todos andamos a ver quem consegue subir mais alto. É uma corrida desenfreada ao poder económico. Devido a isso podemos assistir a comportamentos incríveis. Traição, deslealdade, cinismo, alienação, etc. É nisto que a racionalidade humana resulta, após tanto tempo de evolução (já nem quero saber como é que a malta crente explica isto, mas decerto que alguma explicação terão, aliás, têm sempre...).
Assim sendo, será mesmo a racionalidade uma vantagem?

Matemo-nos em nome da coerência....



terça-feira, janeiro 20, 2004

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Hoje a inutilidade preencheu-me por completo. Pensam que me sinto mal? Não, nem por isso. A vida é asim mesmo, mais vezes inútil que útil. Olhava para o céu e vi aves a voar. As aves mesmo a voar produzem algo. Fazem-nos sonhar com a liberdade que nunca termos.

segunda-feira, janeiro 19, 2004

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Mas afinal o que é isso da poesia?
Hoje tenho de reflectir sobre isso. O ideal na poesia, seria que as palavras fossem capazes de transmitir sentimentos. Mas os sentimentos são isso mesmo, sentimentos. Não se exprimem. Os sentimentos sentem-se. Às vezes podemos dizer que estamos tão amargurados que nos dói tudo. Outras podemos dizer que gostamos tanto de alguém que quando esta se encontra perto de nós, começamos a transpirar das mãos e partir não lembramos de mais nada. Podemos dizer que os seus olhos são tão bonitos como um por do sol ou a luz da lua. Podemos dizer que vamos obrigar a luz da lua a fluir nas veias de alguém. E depois? Todos nós sabemos que isso nunca irá acontecer. No entanto agrada-nos ler que a luz da lua possa fluir pelas veias de alguém. Mais uma vez posso constatar que o ser humano é feito de ilusões. Construímos ilusões para que possamos ser mais felizes. Será que só assim é possível a felicidade, através de ilusões? Receio bem que sim. E depois? E depois nada.
O mal está em nós vivermos na ilusão convencidos que é a realidade.

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Hoje é dia de poesia

Com um beijo
sugo-te a alma
e, poro a poro,
rasgo o teu corpo.
Obrigo, então,
a pálida luz da lua
a fluir nas tuas veias
e com a tua pele
teço o meu berço.
Por fim
guardo-te na gavetaa
do meu deleite
e escrevo:
Quero ser o mundo inteiro,
ou nada!

João Teixeira
Métis

quarta-feira, janeiro 14, 2004

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“... nenhuma coisa é simples, que só às vezes o parece, e que é justamente quando mais o parecer que mais nos convirá duvidar.”
In “O Homem Duplicado”
José Saramago

Eu adoro este homem...

segunda-feira, janeiro 12, 2004

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MORAL
Andava um cão a passear quando ouviu um grupo de gatos a discutir. O que ouviu foi o gato chefe a dizer seguinte: "Rezai meus irmãos, pois se rezardes é certo e sabido que cairão espinhas do céu". O cão ao ouvir isto afastou-se rindo ao mesmo tempo que pensava: "Pobres gatos, não é certo que se rezarmos cairão ossos do céu?"

Moral da história: A moral não existe, é somente uma convenção humana para justificar para si os seus actos, na sua maioria estúpidos.

quinta-feira, janeiro 08, 2004

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Ontem ainda verifiquei outra coisa interessante.
Todos os dias no caminho para casa passo por um Centro Católico Universitário. Desde logo esta denominação me deixa confuso. Vamos lá a ver se nos entendemos.
Ou bem que é católico ou bem que é universitário. Num centro universitário entram pessoas da universidade, neste centro entram pessoas que andam na universidade e que são católicas. Porque é que existe um centro católico só para universitários? Pois muito bem, será que a doutrina para as pessoas da universidade é diferente da doutrina ministrada ao resto das pessoas. E se assim é porquê?
Mas já me desviei daquilo que achei verdadeiramente interessante.
Bom, acontece que recentemente por cima da porta principal do tal centro católico universitário (juro que isto me confunde mesmo) apareceu um placard com o nome do referido centro todo em acrílico e com figuras alusivas ao catolicismos (a pomba, a cruz, etc.). Mas o que mais se surpreendeu foi que na base desse placard se encontrava uma publicidade a um banco. É verdade: BCP millenium em letras gordas e vermelhas. Quando vi aquilo pensei: Porreiro, finalmente a igreja assumiu aquilo que é, um bom negócio e em tempos de crise associou-se com um banco, nada demais.
Já estava a ver o próximo passo. Com a crise do trigo (que afinal parece que não houve crise nenhuma mas não foi por isso que as padarias deixaram de aumentar o preço do pão) já estava a ver as hóstias com publicidade ao continente, por exemplo, ou mesmo os coros que acompanham os serviços dominicais a cantarem o hit mais recente do David Fonseca em alusão a uma operadora de telemóveis. E já me estava a preparar para tudo isto. Até já estava a preparar um pequeno negócio da fatiotas de padre com a respectiva publicidade. Era facturação certa.
Mas hoje aconteceu o inesperado. A placa continuava lá por cima da porta do centro católico universitário (e já agora o politécnico também não tem direito a um centro católico? E as escolas secundárias?) e a publicidade ao banco já lá não se encontrava. Como devem imaginar o meu mundo ruiu ali mesmo. Todo o plano de negócios, toda a estratégia de marketing já feita e todo o dinheiro que eu já contava para processar a RTP pelo engano no Quem Quer Ser Milionário por causa da estátua do Miguel Ângelo, tudo por água abaixo.
E agora?
Bom acho que vou cagar para o assunto e continuar a ver os Malucos do Riso. A seguir ao Herman Sic, o melhor programa da humor na televisão portuguesa.

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Fantástico, detectei um erro no programa Quem Quer Ser Milionário.
A 11ª pergunta para o segundo concorrente do programa de ontem era: Onde se encontra a estátua de Miguel Ângelo David. Nenhuma das possibilidades apresentada estava certa. O concorrente respondeu Mudeu Louvre e a Resposta considerada certa foi Museu Uffizi.
Ora aqui podemos encontrar vários erros....
Para já não é Museu Uffizi mas sim Galerias Uffizi. Como sei isto? No entanto, a famosa estátua de Miguel Ângelo não se encontra nestas galerias (como pude comprovar quando lá estive). A estátua encontra-se num outro museu da mesma cidade, Museu dell’Academia.
E agora? Será que eu posso processar o programa e ficar com os 6 mil euros a mais que o concorrente ganharia se acertasse? Será que devo cagar para o assunto? Ou deverei atribuir este acontecimento à tão famosa leviandade com que, por vezes, os Portugueses tratam estes assuntos?
Acho que vou mesmo cagar para o assunto. Eu sei que sei por isso tou-me a cagar. Acho que vou esperar que o concorrente a quem calhou esta pergunta se lembre de ir ver onde está a estátua e processar o programa. Na melhor das hipóteses, daqui a 20 anos o processo prescreve em tribunal devido a recursos sucessivos interpostos pelos advogados da RTP após o que, esses mesmos advogados processam o referido concorrente por difamação com uma indemnização correspondente à quantia ganha no programa onde esteve presente acrescida dos respectivos juros acumulados durante os 20 anos que o caso demorou a correr nos tribunais.
Como eu gosto de ver televisão ao serão.

quarta-feira, janeiro 07, 2004

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Só mais uma coisa por hoje.
Já repararam que a TVI vai ter um programa sobre cultura.
É a sombra do novo canal 2 a fazer-se sentir. E antes que o share desça por fuga de clientes para o canal 2 deixa-me cá fazer um programa cultural. Já estou mesmo a ver os pensamentos dos ex-espectadores do Big Brother: Que maçada não já ter acabado o Big Brother, já não vamos ter a Teresa Guilherme a tentar arranjar casamentos ou a encavacar os concorrentes devido às suas investidas ao sexo oposto quando têm a namorada cá fora. O que vou agora fazer? Deixa-me cá ver a programação da TVI. Oooohhh. Já tenho a resposta. Vou ver este documentário cultural...

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A extrema angústia do existir
Caríssimos amigos, peço-lhe que tentem fazer um exercício comigo. Tentem imaginar-se numa sala (pode ser quadrada) toda em branco, sem qualquer porta ou janela. Estão a seguir? Pois bem prossigamos. Agora comecem a ampliar as dimensões do cubo onde estão, tentem fazê-lo o mais possível. Quando já não conseguirem distingir as paredes já me parece um bom começo. Agora imaginem que olham para vocês e nada vêem. É verdade, deixaram de ter existência física, portanto encontram-se num estado de pura existência metafísica, ou seja, para além do físico. O espaço agora deixa de ter importância e por conseguinte podemos estar num espaço branco ou preto. A próxima fase poderá ser um pouco mais complicada. Desse estado não físico agora vamos tentar escoar-nos das nossas memórias, das nossas opiniões, do nosso ser. Pronto deixa-mos de existir. Essa não existência não é condicionada por nada. Não por haver guerras ou por morrer o nosso irmão que vai alterar o estado de não existência. É algo que ultrapassa toda a noção de sentimento ou emoção, não há lugar para os sentimentos, esvaziamo-nos deles há momentos atrás. Não sofremos, não sentimos, não pensamos, não morremos e nem vivemos: Não somos. É melhor assim
Apesar de um estado de não existência parecer ser o mais apetecível e mesmo o mais estável para a existência de qualquer outra coisa que não nós, o certo é que nós existimos.
Porque raio existimos então?